• Ilustrada

    Monday, 06-May-2024 01:20:54 -03

    Considerado o novo Tarantino, diretor exibe ópera punk sanguinolenta em Cannes

    RODRIGO SALEM
    ENVIADO ESPECIAL A CANNES (FRANÇA)

    18/05/2015 17h32

    Há dois anos, o diretor nova-iorquino Jeremy Saulnier havia esvaziado a poupança de sua mulher, estourado seu cartão de crédito para produzir "Blue Ruin" e apelado para uma campanha no Kickstarter.

    Quando ele já se acostumava com a ideia de fazer filmes institucionais, o filme foi selecionado para fazer parte da Quinzena dos Realizadores, mostra paralela do Festival de Cannes, em 2013, e virou sensação indie nos Estados Unidos.

    Saulnier agora retornou à Croisette como uma das maiores promessas de ser o "novo Quentin Tarantino" e não decepcionou. Ele foi muito mais além no grotesco em seu novo "Green Room". Exibido em première mundial no domingo (17), é um filme de horror violentíssimo, engraçado e pop. O diretor foi aplaudido de pé no fim da sessão.

    Broad Green Pictures
    Os atores Imogen Poots, Joe Cole, Callum Turner, Alia Shawkat e Anton Yelchin em cena de "Green Room"
    Os atores Imogen Poots, Joe Cole, Callum Turner, Alia Shawkat e Anton Yelchin em cena de "Green Room"

    Não foi apenas gentileza. "Green Room" é uma ópera punk sanguinolenta sobre a escalada da violência nos Estados Unidos – um tema tratado em "Blue Ruin".

    E quanto cito punk é no sentido literal mesmo. Os protagonistas do longa formam a banda punk The Ain't Rights – o cantor Tiger (Callum Turner), a guitarrista Sam (Alia Shawkat), o baixista Pat (Anton Yelchin) e o baterista Reece (Joe Cole).

    O grupo está em uma "turnê" vagabunda rumo a Washington e toca por uns trocados. É quando termina em um bar de beira de estrada no meio do Oregon, uma pocilga frequentada por skinheads – o que é mais uma brincadeira de Saulnier, já que o Oregon é um estado conhecido pelo espírito "zen-riponga".

    A banda trata de provocar de cara, tocando "Nazi Punks Fuck Off", do Dead Kennedys, sob uma chuva de garrafas e cusparadas.

    Quando tudo parecia ter dado certo após o show, eles testemunham o assassinato de uma garota e são presos em um recinto com a amiga da vítima, interpretada pela inglesa Imogen Poots ("Need For Speed") no melhor papel da sua carreira.

    Eles precisam dar um jeito de sair do local vivos, mas logo a insanidade toma conta de todos. Começa com trocas de golpes de jiu-jitsu, depois sobe para um estilete, passa por um facão, alcança um revólver e termina com espingardas de alto calibre.

    O banho de sangue imprevisível sobre quem vai sair vivo ou morto arrancou aplausos diversas vezes durante à exibição. O filme é um primo interiorano de "Assalto à 13ª DP", de John Carpenter, com diálogos curtos, mas marcantes.

    Até deixa em segundo plano a participação especial de Patrick Stewart ("X-Men") como o chefão do esquema criminoso que sustenta a "casa de shows". Não é para os fracos de coração.

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024