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    Após 25 anos, companhia de dança Marzipan apresenta espetáculo em SP

    IARA BIDERMAN
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    23/05/2015 02h30

    "Dói aqui. E aqui. Aqui também", dizem os bailarinos no palco, apontando o ombro, o cotovelo, o joelho, a perna ou o quadril.

    É uma cena do espetáculo "Marzipan", que lotou o Auditório Ibirapuera em sua pré-estreia na semana passada e será apresentado em uma microtemporada neste fim de semana no Sesc Bom Retiro, em São Paulo.

    O grupo Marzipan representou, nos anos 1980, o que havia de mais atual na dança e o que ainda não havia se estabelecido no Brasil naquela época: a mistura de dança com teatro, videoclipe, cinema, HQ, estética clubber, moda e humor em espetáculos irreverentes e pop.

    Hoje com idades que vão de 52 a 68 anos, os sete integrantes da companhia voltam à cena, mostrando dores e delícias da passagem do tempo em seus corpos de bailarinos.

    O espetáculo também relembra coreografias de impacto na década de 1980, recriadas em cena e projetadas, na versão original, em vídeos.

    A primeira encarnação do Marzipan terminou em 1990, quando o grupo se dissolveu e os integrantes foram para diferentes carreiras, de engenharia agronômica e odontologia a produções de eventos e baladas. Mas sempre com um pezinho na dança.

    Alguns, os dois pés, como Renata Melo, 58, que além de cirurgiã-dentista é curadora de espetáculos de dança e teatro e dá aulas para atores. Foi dela a ideia da volta do Marzipan aos palcos.

    "A gente mantinha um relacionamento 'familiar', via-se em aniversários, casamentos, batizados. Mas todos tinham um desejo de se encontrar mais e dançar", diz.

    "Foi uma surpresa ver que os jovens também se emocionaram com o espetáculo. São adolescentes que não nos conheciam e até mesmo nossos filhos, que estão naquela idade de ter vergonha dos pais", diz ela.

    Para Michele Matalon, 55, a obra é uma celebração do reencontro e do prazer de dançar. "No começo deu muita angústia, medo do fracasso, mas descobrimos um corpo vivo, acordando cheio de energia", conta ela sobre o início do projeto, em 2014.

    'AQUI DÓI'

    Todos os "aqui dói" que eles mostram em uma das cenas do espetáculo aconteceram de verdade durante o processo de montagem.

    Michele havia passado dois anos lutando para não operar o quadril ("Fui salva por minha fisioterapeuta") e machucou o ombro. Rose Akras, 55, professora e pesquisadora de dança da Faculdade de Artes de Amsterdã, teve problema no joelho. Cacá Ribeiro, 52, sócio dos clubes Lions e Yacht, em São Paulo, teve um estiramento muscular na perna.

    "Não sou mais um garoto, sou um homem com mais de 50 anos", diz Cacá. "Mas hoje estou mais inteiro, mais calmo. É mais prazeroso estrear nesse 'mood'. E, depois, coroa está na moda. As meninas gostam, os meninos gostam, então tá tudo certo."

    MARZIPAN
    QUANDO sáb. (23), às 19h, dom. (24), às 18h
    ONDE Sesc Bom Retiro, al. Nothmann, 185, tel. (11) 3332-3600
    QUANTO de R$ 6 a R$ 20
    CLASSIFICAÇÃO livre

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