Conhecida por projetos documentais e retratos, a fotógrafa norte-americana Mary Ellen Mark morreu nesta segunda (25), aos 75 anos, em Nova York. A causa da morte não foi divulgada.
Nascida em Elkins Park, próximo à cidade de Filadélfia, ela trabalhou como freelancer para a lendária agência Magnum e produziu ensaios para revistas como "Life", "The New York Times Magazine", "The New Yorker", "Rolling Stone" e "Vanity Fair".
Em 1976, a fotógrafa passou 36 dias em um hospital psiquiátrico do Estado de Oregon, nos EUA, para documentar a ala feminina da instituição. O trabalho gerou o fotolivro "Ward 81", lançado no mesmo ano. Em entrevista à "Time", em 1978, Mark afirmou que "queria fazer um ensaio sobre as personalidades das pessoas que são trancadas longe da sociedade e mostrar um pouco quem realmente são". "Eu não queria exibi-las como malucas exóticas."
Entre os prêmios que recebeu ao longo de sua carreira estão o Cornell Capa, em 2001, e o Lifetime Achievement in Photography, entregue no ano passado. Em 1988, pelo conjunto de sua obra, a americana recebeu o World Press Photo, maior prêmio dedicado ao fotojornalismo. Ela voltaria a vencer o concurso em 2004 com a série de retratos "Twins", na qual fotografa gêmeos com uma câmera de grande formato. Em texto publicado no site da fotógrafa, Mark diz que o equipamento possibilitou mostrar, em detalhes, não só como gêmeos são parecidos, mas também as sutilezas que os diferenciam.
Mark ainda participou da produção de diversos longa-metragens, nos quais registrou os bastidores das filmagens. Além de "A Fantástica Fábrica de Chocolate" (2005) e "Peixe Grande" (2003), a fotógrafa trabalhou em "Babel" (2006), do diretor mexicano Alejandro González Iñárritu, vencedor do Oscar neste ano por "Birdman". Ao lado de Patrick Bard, Graciela Iturbide e Miguel Rio Branco, Mark foi responsável por acompanhar o processo do longa encenado em Japão, México e Marrocos. O resultado coletivo foi publicado pela editora Taschen.
Ela também ficou conhecida pela série "Streetwise", sobre adolescentes que sobrevivem como prostitutas, mendigos e traficantes de drogas nas ruas de Seattle. Concebida a partir da reportagem "Streets of the Lost" (ruas da perdição), que realizou para a revista "Life", a obra originou um documentário dirigido por Martin Bell, cineasta e marido da fotógrafa.
Mary Ellen Mark morreu antes de concluir seu 19º livro, editado pela fundação americana Aperture, que seria baseado na prostituta Tiny, fotografada durante "Streets of the Lost".