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    Estilista mineira integra mostra de moda em Nova York

    PEDRO DINIZ
    COLUNISTA DA FOLHA

    01/06/2015 03h20

    Uma das mais importantes instituições de ensino de moda do mundo, o Instituto Tecnológico de Moda (FIT) de Nova York, irá expor um conjunto do verão 2016 da estilista mineira Patricia Bonaldi, 34, numa grande mostra sobre a produção fashion mundial.

    A exposição "Capitais Globais da Moda" começa nesta terça-feira (2) e vai até 14 de novembro. No acervo, uma peça da grife PatBo toda feita à mão, com técnicas de construção 3D –e lado a lado com criações de estilistas como Coco Chanel (1883-1971), Alexander McQueen (1969-2010), Christian Dior (1905-1957) e Ralph Lauren, 75.

    Alexandre Herchcovitch é outro brasileiro que marca presença, com um macacão criado para o verão 2007.

    Bonaldi é vista como nova força motriz da moda nacional. Seu look escolhido, inspirado no estilo da década de 1960, é composto de saia mídi azul vibrante toda trabalhada em costura de linha vazada e um top cropped com aplicações de flores de plástico e pequenos cristais.

    "Fiquei fascinada com a beleza da manufatura dessa peça. É raro ver uma coleção de prêt-à-porter construída à mão e com um interessante trabalho de textura", diz a curadora do FIT, Ariele Elia.

    Ela escolheu ainda nomes de Coreia do Sul, Nigéria, Índia e China para explicar o desenvolvimento da costura mundial a partir de vestes consideradas revolucionárias.

    "Nos anos 1990, a moda brasileira ganhou projeção com Herchcovitch. Analiso Bonaldi como a segunda geração da moda no país, uma estilista que representa a habilidade de criar alta-costura dentro de uma visão de prêt-à-porter", afirma Elia.

    Alexandre Rezende/Folhapress
    A estilista Patricia Bonaldi na escola de bordados que possui em Uberlândia, Minas Gerais
    A estilista Patricia Bonaldi na escola de bordados que possui em Uberlândia, Minas Gerais

    "Essa característica a faz uma designer versátil e pronta para atingir uma grande quantidade de pessoas."

    A inclusão de uma estilista relativamente jovem, que despontou na São Paulo Fashion Week há duas temporadas com a marca PatBo, lançada há apenas três anos, representa para a costura do Brasil um salto de relevância na cena internacional.

    ESTIGMA

    "Como estilistas, precisamos dessa resposta. Muita gente duvidou do meu trabalho quando comecei, numa época em que o trabalho manual não estava em voga", afirma Bonaldi.

    Ela se refere ao estigma de "designers regionalistas" que os mineiros receberam da elite carioca e paulistana da moda, entre os anos 1990 e o início dos 2000. Na época, tudo o que fugisse da limpeza e do minimalismo vigente era tachado de brega e mau gosto.

    Já são 12 anos desde que Bonaldi começou a levantar a bandeira dos bordados, das aplicações e do trabalho das comunidades de tecelões mineiros, em outra marca sua, que leva o seu nome.

    Com ela, posiciona-se nas principais multimarcas do mundo, como a londrina Harrod's, na qual divide espaço com marcas europeias.

    "Os europeus não precisaram saber quem era Patricia Bonaldi ou de quem ela era amiga para vendê-la nas lojas. É triste que a moda nacional ainda precise desse aval dos estrangeiros para valorizar a própria produção", diz.

    GLOBAL FASHION CAPITALS
    QUANDO De 2 de junho a 14 de novembro
    ONDE Museu do Fashion Institute of Technology (FIT)
    Seventh Avenue at 27 Street
    New York City 10001-5992
    HORÁRIO Ter. a sex. Meio-dia a 20; Sáb. 10h às 17h. Fechado às segundas, aos domingos e feriados.
    Grátis

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