• Ilustrada

    Saturday, 04-May-2024 22:55:21 -03

    Fabiana Cozza amplia repertório em busca do mundo

    LUIZ FERNANDO VIANNA
    COLUNISTA DA FOLHA

    03/06/2015 02h20

    Chama-se "Partir" o quinto CD solo de Fabiana Cozza, e o título tem um sentido estético que se funde a um mercadológico, mas não mercantilista.

    A cantora paulistana, 39, aposta com mais vigor numa carreira internacional, que vem sendo construída de dez anos para cá e terá, nos próximos dois meses –depois de shows no Sesc Vila Mariana em 18 e 19 de junho– novas etapas europeias (França, Alemanha, Itália, Holanda).

    É o nicho, simplificando bastante, de cantora negra interpretando "música negra" –brasileira, caribenha, cubana.

    Marina Decourt/Divulgação
    Retrato da cantora Fabiana Cozza
    Retrato da cantora Fabiana Cozza

    A aposta seria uma violência comercial se não fosse mesmo essa a praia de Fabiana, ainda que o samba tenha predominado até então –seu último disco foi sobre o repertório de Clara Nunes. A ampliação do arco estético em "Partir" se mostra já nas origens variadas dos compositores.

    Exemplos: os cariocas João Cavalcanti, Vidal Assis e Moyseis Marques (este nascido em Minas); o mineiro Sérgio Pererê; a sul-mato-grossense radicada em São Paulo Alzira E; o paraense Leandro Medina; a gaúcha Gisele De Santi; e os baianos (bem diferentes entre si) Roberto Mendes, Tiganá Santana e Vicente Barreto.

    ANGOLA

    A história começou em 2011, com a ideia de um CD apenas de músicas de Roberto Mendes. O projeto não vingou, mas a experiência em Santo Amaro da Purificação, terra do compositor, puxou o conceito de "Partir".

    "Não fazia sentido uma intérprete de música negra não fazer um trabalho que tivesse os pés na Bahia. Já era hora", diz ela. "E do Recôncavo eu parti para Angola, terra dos antepassados do meu pai. Foi na Bahia que os primeiros navios negreiros chegaram."

    Quatro faixas são de Mendes com parceiros, e uma é a totalmente baiana "Roda de Capoeira" (Vicente Barreto/Paulo César Pinheiro). "Chicala" (Cavalcanti) tem um bairro de Luanda como título e a música angolana como base.

    Tiganá aumentou o vocabulário do CD com "Mama Kalunga" e "Le Mali chez la Carte Invisible", esta uma crítica ao racismo que atinge os africanos residentes na Europa.

    "É importante deixar claro de que lado a gente está", ressalta ela, que ainda faz shows no exterior para plateias majoritariamente brancas.

    Outra abertura do CD é vocal, com Fabiana explorando ângulos inéditos (como agudos e pianíssimos), busca feita com o produtor Swami Jr. O primeiro triunfo de "Partir" foi conseguir o aval de Maria Bethânia, também de Santo Amaro e que escreve texto no encarte.

    PARTIR
    ARTISTA FABIANA COZZA
    GRAVADORA independente
    QUANTO R$ 25
    SHOWS 18/6 e 19/6, às 21h, no Sesc Vila Mariana, r. Pelotas, 141; tel. (11) 5080-3000; de R$ 9 a R$ 30

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024