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    'Estamos no meio de extinção em massa', diz Daryl Hannah, musa de 'Blade Runner'

    RODRIGO SALEM
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

    05/06/2015 02h30

    A atriz Daryl Hannah, musa de "Blade Runner" (1982), e estrela da série "Sense8" – que estreia nesta sexta (5) na Netflix – fala sobre seu trabalho na nova produção, diversidade, política ambiental e relembra filmagens no Brasil nos anos 1990.

    Leia, abaixo, trechos da entrevista de Hannah à Folha

    *

    Folha - "Sense8" trata de igualdade e diversidade sexuais. Foi isso que te atraiu?

    Daryl Hannah - Por que tanta repercussão quando o que queremos é ganhar o mesmo que os homens?

    Não sei, até mesmo o fato de estarmos em pleno século 21 discutindo isso é um choque para mim. Temos gerações inteiras de crianças criadas por pais do mesmo sexo e que cresceram normalmente e equilibrados. Amor é amor, qual o problema?

    A série não lida apenas com questões de gênero, mas de imigração. Esse conceito de fronteira parece ser ultrapassado, não?

    A ideia toda é estranha. Somos todos imigrantes. Qualquer pessoa nos Estados Unidos que não seja um nativo é um imigrante. Quem deixa sua casa procura condições melhores e circunstâncias menos perigosas para poder sobreviver.

    Acho que é por isso que gosto tanto da série, porque ressalta a importância da conexão entre todos nós.

    Você não apenas é uma ativista ecológica, mas mora "fora do sistema" em sua fazenda autossustentável no Colorado. Isso deixa a vida mais sã?

    Sim, ajuda a mostrar que há outras maneira de viver, criando energia e agricultura. Tenho vivido sem dependência de energia exterior há mais de 20 anos e não é um problema. Não tenho conta de luz e isso deveria ser algo atraente para todo mundo.

    Por que continuar envenenando e contaminando os suportes da vida, a água, o solo, o ar? Estamos no meio de uma extinção em massa e a maioria das pessoas não percebe isso.

    Desastres naturais já causaram outras extinções, mas essa extinção de agora é causada pelo ser humano.

    Você filmou "Brincando nos Campos do Senhor" (1991) na Amazônia com o diretor Hector Babenco"...

    Foi incrível. Estávamos filmando a algumas horas de Belém por lancha e eu não queria voar todos os dias naquele aviãozinho que arrumaram. O que foi sábio, já que ele fez uns dois pousos de emergência (risos).

    Então armei uma rede na selva e fiquei com a assistente de produção, naquela época Kátia Lund, que futuramente codirigiria "Cidade de Deus".

    Nós duas armamos redes e dormimos com aranhas por perto. No meio do dia, quando todo mundo saía para viajar de volta, roubávamos os barcos para esquiar no rio (mais risos) ou conhecer as comunidades ribeirinhas.

    Me apaixonei pelo Brasil ali. Voltei algumas vezes para conferências sobre meio ambiente e estou tentando impedir a construção de usinas em áreas indígenas.

    Uma briga difícil...

    Sim, fiquei surpresa que a presidente Dilma não tenha sido mais progressista, porque ela foi uma ativista quando era jovem.

    É chocante e eu estou muito brava, para falar a verdade. Tenho dó das comunidades indígenas que serão deslocadas por causa dessas coisas.

    O Brasil é conhecido por ser os pulmões do planeta. O que está acontecendo [na Amazônia] é mais um prego em nosso caixão coletivo.

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