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    'A nova temporada será sobre fé', diz atriz de 'Orange Is the New Black'

    CHICO FELITTI
    DE SÃO PAULO

    07/06/2015 17h54

    "De que lado da história você quer estar?", pergunta Samira Wiley, 28, de cima de um trio-elétrico na Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, que acontece neste domingo (7), na avenida Paulista.

    "Quero estar do lado certo", diz a atriz, mais conhecida pelo nome Poussey, personagem que vive na série "Orange Is the New Black".

    Parte do elenco do seriado veio à maior comemoração de orgulho gay do país para divulgar a terceira temporada da série, que se passa em um presídio feminino no qual abundam relações homossexuais.

    "É uma questão de tempo. E de pouco tempo. Em 20 anos, vamos olhar para trás e ver que absurdo é não deixar as pessoas se amarem."

    Wiley comenta o boicote à novela das 21h da Globo, "Babilônia", conclamado por alguns grupos religiosos depois que as personagens de Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg se beijaram. "E são duas senhoras, meu Deus!"

    Enquanto a maioria dos convidados vestia camisetas laranja, como um dos uniformes das detentas da série, uma loira de boné e óculos escuros está no cantinho, fumando um cigarro sozinha.

    É Natasha Lyonne, 36, que no seriado vive a ex-viciada em drogas e atual ninfomaníaca Nicky Nichols. "Na terceira temporada [que estreia em 12 de junho no Netflix, serviço on-line de vídeo sob demanda], minha personagem vai se enrascar ainda mais. Se é que isso é possível", diz ela.

    Uzo Aduba, 34, uma negra de cabelos ondulados e dentes separados, tenta dançar, mas é interrompida para selfies a cada vez que tenta acenar para a multidão. Com os olhos dentro das órbitas, nem parecia a instável "Crazy Eyes", que em nome do amor faz xixi no chão da cela da detenta que a rejeitou. A personagem lhe rendeu um prêmio Emmy.

    "A nova temporada vai ser sobre fé", diz Aduba. Uma conversão evangélica em massa assolará o presídio de Litchfield? "Não, a fé não está ligada só à religião", diz a atriz.

    Do outro lado do trio, três homens requebravam ao som da música de Wanessa e faziam vídeos interagindo com o mar de gente no asfalto.

    Um deles, de regata preta, era Naveen Andrews, 46, o Sayid da série "Lost". "Já fui a algumas paradas gay em San Francisco. Mas nada como isso aqui. É uma loucura", diz o ator, que protagoniza a série de ficção científica "Sense8", também da Netflix, que estreou na última semana.

    Mas o furdunço feito para os convidados estrangeiros não chegou nem perto do auê que gerou Valesca Popozuda, 36, que adaptou um dos seus funks para promover a série. O nome Poussey, que em inglês, dependendo da pronúncia, pode ser confundido com a palavra para genitália feminina, virou o trocadilho "minha Poussey é o poder".

    A presença de Valesca, que chegou ao hotel onde estavam concentrados atores com uma comitiva de oito pessoas e dois jipes Land Rover, mobilizou o lobby por onde as americanas andavam tranquilas.

    Lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais formaram uma turba que buscava fotos com Popozuda. "Gente, tá tudo bem ser gay!", ela gritou.

    De volta ao trio, a intérprete de Poussey vira para frente o boné que usava com a aba para trás. Nele, lê-se a estampa "I <3 girls" (eu amo garotas). "Isso é uma declaração de amor."

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