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    Escritor cubano Leonardo Padura vence o Prêmio Princesa das Astúrias

    DA AFP

    10/06/2015 11h03

    O prêmio Princesa das Astúrias de Literatura homenageou nesta quarta-feira (10) o "diálogo e a liberdade" da obra do escritor cubano e colunista da Folha Leonardo Padura, que recorre à ficção para dissecar a realidade cubana.

    "Da ficção, Padura mostra os desafios e os limites da busca pela verdade", afirmou o presidente do júri, Darío Villanueva, anunciar o vencedor do prêmio, ao qual concorreram 27 candidatos de 18 países.

    Alejandro Ernesto/Efe
    O jornalista, escritor e diretor de cinema cubano Leonardo Padura
    O jornalista, escritor e diretor de cinema cubano Leonardo Padura

    Padura, 59 anos, alcançou o sucesso internacional com sua série de romances policiais protagonizados pelo detetive Mario Conde, que o ajudaram a "interpretar e refletir a realidade cubana", como definiu o próprio autor.

    "Aprendi com Hammett, Chandler, Vázquez Montalbán e Sciascia que é possível que um romance policial tenha relação com o ambiente do país, que denuncie ou toque realidades concretas e não apenas imaginárias", afirmou o autor, em comunicado da Fundação Princesa das Astúrias.

    Seu descrente inspetor da polícia cubana ganhará uma versão para o cinema, roteirizada pelo próprio Padura.

    "É um autor enraizado em sua tradição e decididamente contemporâneo; um indagador do culto e do popular, um intelectual independente e de firme temperamento ético", lembrou o jurado em seus argumentos.

    Na obra de Padura destaca-se "um recurso que caracteriza sua vocação literária: o interesse em escutar as vozes populares e as histórias perdidas", dizia a ata do júri, lida pelo diretor da Real Academia Espanhola de La Lengua, a academia de letras do país.

    DIÁLOGO E LIBERDADE

    "Sua obra é uma aventura grandiosa do diálogo e da liberdade", afirmou ainda o júri do prêmio que, ao honrar Padura, coincide com a aproximação entre Havana e Washington, algo por que o autor sempre advogou.

    Padura, que começou sua carreira como jornalista nos anos 1980 na revista literária "El Caimán Barbudo" e no jornal "Juventude Rebelde", transitou por diversos gêneros – do romance ao conto, passando por entrevistas, roteiros cinematográficos e ensaios.

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    Nacionalizado espanhol, um de seus últimos grandes êxitos foi o romance "O Homem Que Amava Os Cachorros", publicado no Brasil pela Boitempo, em que reconstrói a vida de Ramón Mercader, assassino de Trotsky.

    Em março, ele publicou na Espanha seu trabalho mais recentes, "Aquello Que Estava Deseando Ocurrir", uma antologia de contos com personagens cotidianos no universo de Havana.

    Vencedor de diversos prêmios em Cuba e em outros países – como o Prêmio Nacional de Literatura e o Prêmio Nacional da Crítica Literária Cubana, além da honraria concedida pela Associação Internacional de Escritores Policiais – Padura também possuiu a Ordem das Artes e das Letras da França.

    O prêmio Princesa das Astúrias, que em 2014 reconheceu o romancista irlandês John Banville, é o sexta das oito honrarias que a Fundação Príncipe das Astúrias confere anualmente, desde 1981. A instituição foi recentemente rebatizada como Fundação Princesa das Astúrias, em homenagem à princesa Leonor de Borbón, 9 anos, nova herdeira do trono espanhol após a proclamação de seu pai, Felipe 6º, como o novo monarca em junho de 2014.

    O Princesa das Astúrias premia com 50 mil euros (cerca de R$ 174 mil) e com uma escultura criada por Joan Miró personalidades do mundo das artes, das ciências sociais, comunicação, humanidades, pesquisa científica, esportes, letras e a cooperação internacional.

    A honraria será entregue no segundo semestre, em uma cerimônia no Teatro Campoamor de Oviedo, com a presença dos reis da Espanha.

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