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    Renata Sorrah e Cia. Brasileira de Teatro retomam parceria em peça

    MARIA LUÍSA BARSANELLI
    DE ENVIADA ESPECIAL AO RIO

    12/06/2015 02h15

    É um retrato da violência, um reflexo das sete guerras que viveu seu autor, o dramaturgo israelense Hanoch Levin (1943-1999). Mas não de conflitos físicos ou sanguinolentos. A peça "Krum" se concentra em personagens banais e em seus destroços íntimos: suas dores, angústias e medos.

    "São personagens e sentimentos muito reconhecíveis", diz a atriz Renata Sorrah, 68. A montagem, primeira adaptação brasileira da obra, é também fruto do namoro entre Sorrah e a curitibana Companhia Brasileira de Teatro –o primogênito foi a peça "Esta Criança" (2012).

    O espetáculo marca um traço das pesquisas da atriz e do coletivo: a busca por textos contemporâneos e inéditos no país. Após uma temporada no Rio, a peça –com elenco composto de integrantes do grupo e colaboradores– estreia em SP nesta sexta (12).

    "A obra de Levin é construída sobre as perspectivas da violência", diz o diretor Marcio Abreu, da Companhia Brasileira. "Ele tem uma primeira fase política, muito crítica ao belicismo em Israel. Depois, fala das guerras íntimas."

    Na trama, Krum (Danilo Grangheia) retorna a sua cidadezinha, cujos habitantes, desolados, agarram-se a sonhos risíveis. De volta à casa da mãe (Grace Passô), reencontra a ex-namorada, Tudra (Renata Sorrah), que ainda apaixonada por ele reluta em se casar com o bem-sucedido Tachtich (Rodrigo Ferrarini).

    Doente, Tugati (Ranieri Gonzalez) vê sua já desapaixonada mulher, Dupa (Inez Viana), fantasiar sua fuga com um italiano canastrão (Rodrigo Bolzan). Já o casal Felicia (Cris Larin) e Dolce (Edson Rocha) se contenta com os pequenos acontecimentos do local.

    Mas a desgraça é também vista com humor. "A gente tem que olhar essas pessoas de fora e rir um pouco delas", diz Gonzalez. Também são personagens que falam da boca para fora, dizem o que pensam. "E narram as suas condições sem julgarem uns aos outros", completa Grace.

    TROCA-TROCA

    Esse "lugar-nenhum" onde vivem é uma extensão deles próprios. Assim, o cenário preto é composto apenas de algumas cadeiras e do corpo dos atores, que por vezes criam formas e sugerem espaços como uma balada ou a beira-mar.

    "Não queria que os elementos arquitetônicos fossem determinantes no espaço", diz Abreu. "Os personagens são a expressão do lugar."

    No processo de ensaios, cada um dos atores interpretou mais de um personagem antes de se definir quem faria o quê. "Isso, como processo de trabalho, é muito legal. Todos podem fazer tudo e a gente entende melhor o texto", diz Sorrah. "E existe sempre uma ameaça de mudarmos de personagem", ri.

    "A gente brinca e pode ser que isso nunca acontece, mas de fato existe a possibilidade de eles trocarem", conta Abreu.

    Para o segundo semestre a Companhia Brasileira prepara "brasil", criado a partir da vivência dos artistas em viagens pelo país. "É uma resposta talvez muito mais sensorial, sensível, do que uma tentativa de retratar a realidade brasileira", explica o diretor. A previsão é que o espetáculo estreie em setembro em Curitiba.

    A jornalista MARIA LUÍSA BARSANELLI viajou a convite da Oi

    KRUM
    QUANDO sex. e sáb., às 21h, dom., às 18h; até 26/7 (não haverá sessão em 20/6)
    ONDE Sesc Consolação, r. Dr. Vila Nova, 245, tel. (11) 3234-3000
    QUANTO R$ 12 a R$ 40
    CLASSIFICAÇÃO 16 anos

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