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    Obras de Hitler são leiloadas por R$ 1,3 milhão; crítico contesta autoria

    COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

    22/06/2015 13h34

    Antes de chegar ao poder como ditador da Alemanha nazista, um jovem Adolf Hitler (1889-1945) sonhava em se tornar um artista. No último fim de semana, 14 obras dessa época –com a assinatura A. Hitler– foram leiloadas em Nurembergue, na Alemanha.

    Segundo comunicado da casa de leilões Weidler, emitido no domingo (21), as vendas totalizaram 391 mil euros (cerca de R$ 1,36 milhão). O preço mais alto foi pago por uma aquarela do castelo de Neuschwanstein, localizado na Baviera: um comprador chinês desembolsou 100 mil euros, quase R$ 350 mil, por ela.

    Todas as peças foram feitas entre 1904 e 1922, antes de Hitler ter tomado o poder na Alemanha. "Esses colecionadores não são especializados em obras deste particular pintor, mas têm um interesse geral na arte de alto valor", explicou Kathrin Weidler, da casa de leilões.

    Outros lances vieram de Brasil, Emirados Árabes Unidos, França e até mesmo da Alemanha. A casa de leilões disse que eles eram em sua maioria investidores de arte, mas não quis identificá-los por nome. Outra aquarela supostamente de Hitler e que mostra a Câmara Municipal de Munique, foi vendida em 2014 pelos mesmos leiloeiros por 130 mil euros.

    Quando era jovem, Hitler ganhou dinheiro pintando postais de Viena, na Áustria, e vendendo-os a turistas. Ele se candidatou à Academia de Arte de Viena por duas vezes, em 1907 e 1908, mas foi rejeitado em ambas as ocasiões.

    A venda de suas pinturas é permitida na Alemanha, desde que os desenhos não violem as leis do país que proíbem a propaganda nazista. No entanto, os leilões continuam controversos, pois 80% do movimento financeiro vai para vendedores privados em vez de apoiar uma causa de caridade.

    AUTORIA DUVIDOSA

    A despeito do sucesso dos leilões das obras atribuídas a Hitler, a autenticidade das obras não é uma certeza entre os especialistas no mercado de arte. O colunista de arte do jornal inglês "The Guardian" Jonathan Jones apontou, em texto nessa segunda (22), alguns pontos que colocam em dúvida se as obras realmente foram produzidas pelo ditador alemão.

    Ele argumenta que, como os historiadores da arte não estão preocupados em autenticar as obras de pouco valor artístico, como as assinadas com A.Hitler, a chance de que o mercado esteja negociando obras falsificadas é grande. Outro questionamento colocado pelo crítico é a pequena chance de que tantas obras que nunca tiveram reconhecimento das academias de arte da época tenham sobrevivido.

    Jones também indica que o estilo utilizado nas obras, de traços impressionistas, não condiz com o que se esperaria do jovem pintor Hitler, e que parte do próprio mercado reconhece que as obras são provavelmente falsificadas.

    Os artistas Jake e Dinos Chapman, por exemplo, compraram obras leiloadas como originais de Hitler para realizar piadas grotescas e chegaram até a expor uma obra de Hitler realizada por eles mesmo em Hastings, na Inglaterra, no último ano.

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