• Ilustrada

    Friday, 17-May-2024 02:20:03 -03

    Dramaturga Leilah Assumpção faz de acidente uma história sobre o amor

    IARA BIDERMAN
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    30/06/2015 02h25

    "Dias de Felicidade", texto da dramaturga Leilah Assumpção, 72, é descaradamente autobiográfico. Em cartaz em São Paulo, a peça fala de uma banqueira que teve o rosto transfigurado num acidente de carro e de sua recuperação com a ajuda do ex-marido.

    "Tudo o que está lá eu falei de verdade", diz Leilah. Há dez anos, ela sofreu uma infecção no rosto e, por complicações, precisou fazer um tratamento com titânio. Ficou com as feições desfiguradas.

    Lenise Pinheiro/Folhapress
    Os atores Lavinia Pannunzio e Walter Breda em peça "Dias de Felicidade", de Leilah Assumpção.
    Os atores Lavinia Pannunzio e Walter Breda em peça "Dias de Felicidade", de Leilah Assumpção.

    "Dei uma melhorada, mas gostaria de estar mais bonitinha", gosta de repetir. Originalmente chamada "Estou Louca para Chegar na Idade do Foda-se" e pensada para falar sobre dor e beleza, a peça virou uma história sobre o amor, ressaltando a afetividade entre os personagens.

    O nome "Dias de Felicidade" combinou mais com o texto –além de não assustar patrocinadores. Porém, a outra ideia de título já sinaliza que tudo foi tratado com humor.

    "Nunca quero fazer comédia. Mas boto para fora o que sinto, e o que tem vindo é a comédia dramática", afirma.

    A diretora Regina Galdino ajudou para que a tragédia fosse encenada com leveza, reforçando a entonação do elenco e o uso de trilha com tango. "Coloco coisas que não estão no texto, já que Leilah deixou muito em aberto. Ela nem chama de peça, diz que é um 'fluxo-teatral'", explica Galdino.

    No texto, a autora apenas dá pequenas orientações para a encenação, em que aproveita para exercitar sua ironia.

    Após o acidente da protagonista Luzinha (Lavínia Pannunzio), ela indica que a atriz deve ter o rosto "muuuuito feio mesmo", mas também não pode horrorizar o público. "Tem que achar o tom, claro."

    Segundo a diretora, a autora também conta histórias que ocorreram com personalidades brasileiras, mas sem citar nomes –exceção de uma menção a Eike Batista.

    Leilah ainda colocou algumas das loucuras que fez durante a recuperação, como um diálogo entre Luzinha e o ex-marido (Walter Breda).

    "Convidamos TODOS os chamados VIPs mais íntimos e secretíssimos do submundo... Você recebe e eu nem apareço, claro. Pra quê? Fico trancada no quarto! Dor-min-do. Não seria interessante?!", diz Luzinha. Leilah realmente fez uma festa assim.

    Apesar do drama do acidente, o grande foco da peça é o relacionamento do casal, percorrendo desde brigas até a reaproximação. "Vaidade à parte, o [dramaturgo italiano] Mario Fratti disse que eu falo de relações contemporâneas como poucos", diz Leilah.

    Sim, ela continua vaidosa. E acrescenta que, já tendo chegado à "primeira idade do foda-se", suas vaidades "não são as pequenas". A maior delas? "Pretendo ir para o céu."

    DIAS DE FELICIDADE
    QUANDO sex. e sáb, às 21h30; dom., às 19h; até 27/9
    ONDE Teatro Itália, av. Ipiranga, 344, tel. (11) 3255-1979
    QUANTO R$ 70
    CLASSIFICAÇÃO 14 anos

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024