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    Autoras de biografia do Brasil indicam os principais problemas do país

    SYLVIA COLOMBO
    ENVIADA ESPECIAL A PARATY

    03/07/2015 15h48

    O patrimonialismo, a corrupção e a permanência dos efeitos da escravidão foram apontados como principais problemas do país na mesa "Brasil - Uma Aula" da Flip, com a historiadora Heloísa Starling e a antropóloga Lilia Moritz Schwarcz —que acabam de lançar o volume "Brasil - Uma Biografia".

    Em exposição que contou com uso de imagens e exemplos detalhados do cotidiano dos escravos, Schwarcz traçou uma linha entre os princípios do tráfico negreiro e o modo como vivem os negros no Brasil hoje. "Não existe bom racismo. Basta olharmos para os números do censo. A pior situação em educação, emprego, desigualdade é sempre a do negro. Estamos vendo uma geração de jovens negros ser exterminada."

    Zanone Fraissat/Folhapress
    A historiadora Heloisa Starling (esq.) e a antropóloga Lilia Moritz Schwarcz na mesa "Brasil: uma aula"
    A historiadora Heloisa Starling (esq.) e a antropóloga Lilia Moritz Schwarcz na mesa "Brasil: uma aula".

    Mencionou, para exemplificar, a ausência de negros em restaurantes, bares e teatros e fez referência a abusos cometidos pelas forças públicas com relação a essa população.

    Já Starling afirmou que o conceito de "república" no Brasil é muito frágil, e isso faz com que o país seja vulnerável aos inimigos da república.

    Apontou como nociva, também, a ideia enraizada de que o Estado é um bem pessoal de alguns. "O patrimonialismo é o grande problema histórico que aparece ao longo da vida do Brasil."

    A historiadora ainda explicou o país como "um personagem", forma escolhida ao formatar o livro como uma "biografia".

    "O Brasil é um personagem complexo e conturbado. Escravagista, mas também insurgente. Cruel, mas também generoso. Somos as duas coisas."

    Ambas apontam as revoltas de junho de 2013 como um momento de transformação, o fim de um processo de redemocratização, em que o país busca o caminho pelo qual trilhará o seu futuro.

    "Precisamos praticar a linguagem do republicanismo, trata-se de uma aprendizagem que deve estar em nosso dia a dia."

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    Confira a programação completa da Flip 2015.

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