O patrimonialismo, a corrupção e a permanência dos efeitos da escravidão foram apontados como principais problemas do país na mesa "Brasil - Uma Aula" da Flip, com a historiadora Heloísa Starling e a antropóloga Lilia Moritz Schwarcz —que acabam de lançar o volume "Brasil - Uma Biografia".
Em exposição que contou com uso de imagens e exemplos detalhados do cotidiano dos escravos, Schwarcz traçou uma linha entre os princípios do tráfico negreiro e o modo como vivem os negros no Brasil hoje. "Não existe bom racismo. Basta olharmos para os números do censo. A pior situação em educação, emprego, desigualdade é sempre a do negro. Estamos vendo uma geração de jovens negros ser exterminada."
Zanone Fraissat/Folhapress | ||
A historiadora Heloisa Starling (esq.) e a antropóloga Lilia Moritz Schwarcz na mesa "Brasil: uma aula". |
Mencionou, para exemplificar, a ausência de negros em restaurantes, bares e teatros e fez referência a abusos cometidos pelas forças públicas com relação a essa população.
Já Starling afirmou que o conceito de "república" no Brasil é muito frágil, e isso faz com que o país seja vulnerável aos inimigos da república.
Apontou como nociva, também, a ideia enraizada de que o Estado é um bem pessoal de alguns. "O patrimonialismo é o grande problema histórico que aparece ao longo da vida do Brasil."
A historiadora ainda explicou o país como "um personagem", forma escolhida ao formatar o livro como uma "biografia".
"O Brasil é um personagem complexo e conturbado. Escravagista, mas também insurgente. Cruel, mas também generoso. Somos as duas coisas."
Ambas apontam as revoltas de junho de 2013 como um momento de transformação, o fim de um processo de redemocratização, em que o país busca o caminho pelo qual trilhará o seu futuro.
"Precisamos praticar a linguagem do republicanismo, trata-se de uma aprendizagem que deve estar em nosso dia a dia."
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Confira a programação completa da Flip 2015.
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