• Ilustrada

    Thursday, 02-May-2024 18:44:00 -03

    Escritora britânica Sophie Hannah persegue assassinos e mistérios

    MARCO RODRIGO ALMEIDA
    ENVIADO ESPECIAL A PARATY

    05/07/2015 02h20

    A escritora britânica Sophie Hannah possui um método muito prático de avaliar um livro. Caso um mistério não apareça logo nas primeiras páginas, ela considera a leitura um tempo perdido.

    É uma brincadeira que a autora gosta de citar em entrevistas, mas talvez não esteja tão longe da realidade assim.

    "Eu conheço vários escritores policiais que se sentem subestimados, como se escrevessem um gênero menor, mas eu amo ser chamada de escritora policial", conta ela.

    Hannah participa neste domingo (5) de uma mesa na Flip sobre, é claro, literatura policial, com o escritor cubano Leonardo Padura.

    A autora de 44 anos é uma leitora voraz de romances policiais desde os 12. Duas décadas depois, tornou-se ela mesma uma escritora renomada do gênero, dedicando páginas e mais páginas a assassinos, psicopatas e casos tenebrosos.

    POIROT

    Na vida real também se deparou recentemente com uma situação de potencial igualmente amedrontador.

    Hannah recebeu dos herdeiros de sua conterrânea Agatha Christie (1890-1976) um convite que poderia ser tão fatal quanto um brinde de cianureto –criar uma nova história para o detetive Hercule Poirot.

    Agatha é a rainha do romance de mistério, e Poirot, criado por ela, é um personagem ícone do gênero.

    Hannah sabia que corria o risco de contrariar uma horda de leitores apaixonados ao ressuscitar o personagem, mas topou o desafio.

    "Eu preservei todas as características de Poirot, mas sem copiar a Agatha. Quando um escritor tenta escrever como outro escritor, está fadado ao fracasso", diz.

    O esforço resultou em "Os Crimes do Monograma" (editora Nova Fronteira, R$ 29,90, 288 págs.), lançado em 2014. A trama se passa em 1929, quando Poirot investiga o assassinato de três pessoas em quartos diferentes de um hotel.

    À la Agatha, o caso fica cada vez mais incompreensível, até ser esclarecido nas últimas páginas pelo baixinho, metódico e extravagante detetive belga.

    CRÍTICA

    Para a escritora, a empreitada foi uma experiência feliz. Ela diz que só recebeu mensagens positivas dos leitores.

    Parte da crítica não foi tão benevolente. A do jornal inglês "The Guardian" afirmou que Poirot está "estranhamente sem vida" no livro.

    Hannah costuma receber mais elogios quando publica romances policiais em seu próprio estilo. Em geral, investe mais nos distúrbios psicológicos dos personagens do que no jogo de "quem matou quem". A Rocco lança agora um de seus livros, "A Vítima Perfeita" (leia ao lado), sobre uma história de amor obsessivo.

    "No começo do século 20 as tramas eram mais ingênuas. Os mistérios eram solucionados e ponto final. Hoje a ficção policial ficou mais ambígua e bem mais violenta."

    Além da seara policial, Hannah tem uma trajetória elogiada como poeta. O primeiro livro que publicou, aos 25 anos, foi de poesia.

    "Há uma ligação entre os dois gêneros, a estrutura. Sou obcecada por estrutura. Minha poesia é muito métrica e meus romances são detalhadamente planejados."

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024