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    Poeta Matilde Campilho tem o livro mais vendido da Flip

    RAQUEL COZER
    COLUNISTA DA FOLHA

    05/07/2015 12h26

    A poeta portuguesa Matilde Campilho, que emocionou o público em mesa na tarde de quinta-feira (2), foi a autora com livro mais vendido nesta edição da Flip.

    Seu "Jóquei" (ed. 34, R$34, 152 págs. ) teve 336 livros vendidos na loja da Travessa, livraria oficial do evento, em Paraty, até a noite de sábado (4).

    Depois dela, os mais vendidos foram uma caixa com três livros de Mário de Andrade (Nova Fronteira), homenageado desta edição, com 237 exemplares, e "Limiar", do cientista Sidarta Ribeiro, com 230.

    A informação foi divulgada por Paulo Werneck, curador da programação literária da Flip, na entrevista coletiva de encerramento do evento.

    Zanone Fraissat
    A poeta portuguesa Matilde Campilho, na Flip 2015
    A poeta portuguesa Matilde Campilho, na Flip 2015

    "Que país é esse, a gente se pergunta ao olhar essa lista, com títulos tão variados", disse ele –a lista inclui ainda "Brasil, uma Biografia" (Companhia das Letras, de Lilia Schwarcz e Heloisa Starling, e "Sonhos em Tempos de Guerra" (Biblioteca Azul), de Ngugi wa Thiong'o.

    Werneck comemorou o "diálogo de alto nível" nas mesas da Tenda dos Autores.

    Contou que não conhecia o dramaturgo David Hare, que se destacou nesta Flip, até receber da inglesa Liz Calder, idealizadora do evento, a sugestão do nome –famoso no Reino Unido, Hare não tem peças montadas no Brasil.

    "Eu tinha consultado ela sobre outro autor para falar sobre política britânica e ela me disse: 'Por que não o David Hare?'. Foi uma descoberta
    para mim", disse Werneck.

    Na manhã de sábado, o dramaturgo arrancou aplausos do público em vários momentos ao comentar bastidores de seus trabalhos no teatro e no cinema.

    Liz Calder elogiou uma maior presença de mulheres na programação deste ano –elas foram dez dos 44 autores da tenda principal neste ano, ante sete no ano passado.

    "Tenho a impressão, não sei, porque não contei todos, mas tenho a impressão de que teve mais mulheres do que em edições anteriores, e fiquei feliz", ela disse.

    Questionada sobre como fazer para melhorar esse número, Calder respondeu: "Parece simples para mim. Você não precisa de 50% de mulheres, basta olhar ao redor, procurar por um grupo de pessoas que contribuam sob diferentes perspectivas para o debate –uma mulher sempre poderá contribuir com um olhar diferente".

    Mauro Munhoz, diretor da Casa Azul, instituição organizadora da Flip, disse que a Flip teve "capacidade de enfrentar este ano mais difícil" sem ser afetada.

    "Ficou claro para a gente que a crise não é uma coisa que impacta. Não é tão diferente fazer uma Flip em ano de crise", avaliou. O orçamento deste ano foi de R$ 7,4 milhões, dos quais 29% foram pagos sem a ajuda de incentivos estaduais, federais e municipais.

    Foi o menor orçamento da Flip em dez anos, o que resultou, por exemplo, no primeiro show de abertura capitaneado por uma atração paratiense, Luís Perequê, em vez de por estrelas como Gal Costa e Gilberto Gil.

    "Achei bonito as pessoas de Paraty dando um show tão 'adorable'. Não teve um grande nome, mas funcionou bem", disse Calder sobre a apresentação, que teve pouco público na noite de quarta-feira.

    Sobre a violência na cidade, que gerou até um pequeno protesto de moradores na tarde de ontem –Paraty é o terceiro município mais violento do Estado do Rio–, que reclamavam de um policiamento maior apenas durante a festa, Munhoz disse que é uma questão de política pública.

    "A cultura tem um papel fundamental na saúde do tecido social, mas não pode resolver problemas de segurança. Essas questões têm de ser resolvidas de maneira institucional", disse.

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