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    Necessito de Cuba para escrever, afirma Leonardo Padura em sabatina

    GUILHERME GENESTRETI
    DE SÃO PAULO

    06/07/2015 21h44

    "Sou um escritor cubano e necessito de Cuba para escrever", afirmou o autor Leonardo Padura, 59, em sabatina organizada pela Folha e pela Livraria da Vila na noite da última segunda (6).

    "Tenho uma conexão quase visceral com a cultura cubana e é por isso que não penso em sair de lá."

    O escritor e jornalista, que participou da última edição da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), falou em debate mediado por Clóvis Rossi, colunista da Folha, e Juliana Gragnani, editora-assistente da "Ilustrada".

    Bruno Poletti/Folhapress
    O escritor cubano Leonardo Padura, em Paraty, durante a Flip 2015
    O escritor cubano Leonardo Padura, em Paraty, durante a Flip 2015

    Autor de "O Homem que Amava os Cachorros" (ed. Boitempo), Padura comentou o fato de se sentir muitas vezes como se enxergasse "fantasmas nas ruas de Havana" e de não ser nem dissidente nem militante do regime castrista.

    "Não tenho duplo discurso", disse o cubano, que é também colunista da Folha. "Tenho como princípio que qualquer coisa que eu diga aqui ou em qualquer outro lugar eu posso dizer em Cuba."

    "O Homem que Amava os Cachorros" trata do assassinato do revolucionário soviético Leon Trótsky e de seu assassino, Ramón Mercader.

    A uma plateia que lotou os cerca de 60 lugares do auditório, ele também comentou o fato de pertencer a uma geração que viveu o que chamou de os benefícios da Revolução Cubana ("chegamos massivamente às universidades") e as dificuldades que vieram após a queda do Muro de Berlim.

    "A vida se transformou numa luta cotidiana pela sobrevivência. Temos uma nostalgia pela época em que tínhamos acesso a bens que nos satisfaziam material e espiritualmente."

    Segundo ele, há também uma nostalgia em muitos do que desertam. "Há pessoas que saem de Cuba com ódio de lá, mas que continuam lá, se sentindo espiritualmente ligadas a ela."

    Sobre a sua habitual relutância em falar de política, afirmou: "Prefiro falar de literatura ou de cinema. Não sou um político".

    Seu novo livro, "Hereges" (Boitempo), sobre refugiados judeus em Cuba, deve ser lançado em setembro no Brasil.

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