"Tem data que é como aniversário de namoro, precisa de celebração, né? É isso que vim fazer no Brasil", diz Thiago Soares, 34, primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres.

Thiago está comemorando seus 15 anos de carreira internacional com "Paixão", espetáculo que ele estreou no Rio na quinta (9) e apresenta em São Paulo na terça (14) e quarta (15), depois de passar por Recife no domingo (12).

O posto de primeirão no Royal já é o suficiente para colocar o carioca de Vila Isabel na categoria brasileiros-que-venceram-no-exterior e atrair todo aquele público encantado com os grandes símbolos da dança clássica.

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	Primeiro bailarino da Royal Ballet de Londres, Thiago Soares

O Royal Ballet, 84, é um dos mais vistosos desses símbolos. Thiago, 34, que desde 2002 faz parte da companhia, entrou no "grand monde" do clássico um pouco mais tarde do que a média dos bailarinos.

A maioria dos dançarinos começa a ser talhada para o balé a partir dos seis anos. Thiago, que fisicamente é considerado o talhe perfeito para um bailarino, começou na dança de rua e só veio a saber o que era calçar uma sapatilha aos 14.

Rapidamente, mostrou que era feito para o ramo e com 17 já fazia parte do corpo de baile do Theatro Municipal do Rio. Com 19, estreava internacionalmente dançando "O Quebra Nozes" no Japão.

Para comemorar o feito de 15 anos atrás, Thiago montou um espetáculo para chamar de seu e começar a turnê no Brasil.

"Paixão" terá duas estreias mundiais, um classicão ("Lago dos Cisnes"), e uma parceria com a coreógrafa Deborah Colker, na obra que dá nome ao espetáculo.

E outras obras inéditas: "La Bala", feita especialmente para Thiago por Arthur Pita, coreógrafo português criado na África do Sul, e "Caresse du Temps", a estreia de Alessio Carbone, primeiro bailarino do Balé da Ópera de Paris, como coreógrafo.

"Estou aqui no Centro de Dança do Rio ensaiando e me jogando de meia neste piso onde comecei e penso no privilégio de poder decidir qual repertório vou dançar", contou Thiago à Folha dois dias antes da estreia carioca.

A decisão foi mostrar obras que fossem um resumo do que gosta: clássicos e novos coreógrafos.

Clássico mesmo, daqueles amados pelas massas, é o "Lago do Cisnes", do qual ele fará o terceiro ato completo. No Rio, ele já dançou esse balé com a argentina Marianela Núñez, 33, que ocupa o posto de primeira bailarina do Royal, e é ex- mulher de Thiago.

Há um ano, o casal separou as escovas de dentes, mas continua juntando as sapatilhas. "Continuamos amigos. E a gente se conhece muito no palco, ajuda na hora do espetáculo", diz Marianela.

Em São Paulo, sua parceira no "Lago dos Cisnes" será Lauren Cuthbertson, outra estrela do Royal. "Dancei com Lauren no começo da minha carreira, é muito especial ela estar nesta celebração", diz Thiago.

Com Deborah Colker, ele dança "Paixão", uma das coreografias de "Vulcão" (1994), obra de estreia da companhia da bailarina e coreógrafa carioca.

"Nunca trabalhei com a Deborah, mas ela sempre me apoiou, temos uma admiração mútua. Ela agora está trabalhando mais como coreógrafa, estou resgatando ela para dançar", diz Thiago.

DIREÇÃO

Ele mesmo não pensa em se tornar coreógrafo. "Quem sabe, dirigir", diz. Mas são planos vagos. No momento, afirma, está tão envolvido "no mar de apresentações" que não tem tempo de pensar no futuro.

E a vontade de voltar às suas origens na dança de rua e se jogar num hip hop? "Meu corpo tem muita memória dessa dança, mas estou ocupado com outros repertórios, isso não estou podendo."

PAIXÃO
QUANDO ter. (14) e qua. (15), às 21h
ONDE Teatro Sérgio Cardoso, r. Rui Barbosa, 153, tel. (11) 3288-0136
QUANTO R$ 150, no ingressorapido.com.br
CLASSIFICAÇÃO livre