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    'Perpetuar a juventude é perigoso', diz Marcelo Nova antes de nova turnê

    THALES DE MENEZES
    DE SÃO PAULO

    14/07/2015 02h15

    "Eu e Robério tiramos Roger Daltrey e Pete Townshend de letra", diz Marcelo Nova no sofá de sua casa em São Paulo, sentado ao lado do baixista Robério Santana. Os dois formaram há 35 anos o grupo de rock Camisa de Vênus.

    Marcelo, 63, explica a comparação com a dupla de voz e guitarra, respectivamente, da banda The Who, uma das maiores do rock. "Eles completaram 50 anos de banda, mas são ingleses, tocam em todos os países. E nós só tocamos aqui. E fazer rock no Brasil não é para qualquer um. "

    Uma turnê comemorativa pelo país chega a São Paulo na próxima sexta (17), para três noites de show no Sesc Vila Mariana.

    O cantor começou carreira solo em 1987, com o final da banda (que voltaria a se reunir brevemente algumas vezes). Robério seguiu ligado à música, trabalhando como produtor, e morou alguns anos nos Estados Unidos.

    A volta do Camisa, para eles, é pautada pela diversão. "Não é que um virou bancário, o outro sorveteiro e agora tentam ganhar alguma coisa em cima do passado", declara Robério.

    A turnê não tem prazo para acabar e não inclui planos de gravar CD ou DVD.

    Outros integrantes da banda nos anos 1980 e 1990 estão fora da turnê. Marcelo conseguiu decisão judicial impedindo que eles seguissem fazendo apresentações como "o novo Camisa de Vênus", como ocorreu por algumas temporadas.

    Na turnê, completam a banda músicos que tocam atualmente com Marcelo: seu filho Drake e Leandro Dalle (guitarras) e Célio Glouster (bateria).

    Nas letras, sempre conviveram em harmonia certo lirismo (como "Lena") e protestos virulentos ("Eu Não Matei Joana D'Arc").

    SARCASMO LÍRICO

    "O lirismo versus uma verve mais social sempre fez parte do nosso trabalho, mas você envelhece e certos arroubos juvenis não cabem mais na sua vida", teoriza Marcelo. Para ele, a virulência precisa ser misturada com sarcasmo ou ironia, para que não soe apenas como uma má-criação.

    "Tudo bem aos 20 anos você mandar todo mundo se foder. Fica uma beleza. Aos 60 anos, é outra situação", diz Marcelo. "Aí você tem que mandar se foder de uma forma lírica", diz Robério, 61.

    Marcelo diz que o rock passa a ideia de que você pode ser jovem para sempre, colocando o roqueiro como alguém que se diferencia do careta, do politicamente correto. "E isso é uma falácia tremenda! E você pode cair no ridículo." Para exemplo, pega ninguém menos do que Mick Jagger, líder dos Rolling Stones.

    "Um cara com uma obra respeitável como a dele, e aí você olha no palco aquele velhinho com cara de ameixa, rebolando freneticamente aquela bunda magra... Esse gestual já fez sentido um dia, mas hoje? O que ele quer? Provar que é jovem? Não é!"

    No próximo fim de semana, o sessentão Marcelo Nova não vai fazer o mesmo?

    "Não. Perpetuar a juventude é perigoso. Estou longe disso faz tempo!"

    CAMISA DE VÊNUS
    QUANDO sex. (17) e sáb. (18), às 21h; dom. (19), às 18h
    ONDE Sesc Vila Mariana - r. Pelotas, 141; tel. (11) 5080-3000
    QUANTO de R$ 12 a R$ 40
    CLASSIFICAÇÃO 12 anos

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