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    Tema de Frankenstein chega a 2015 em 'Ex Machina'

    MARCELO GLEISER
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    19/07/2015 02h10

    Em "Ex Machina", o velho tema de "Frankenstein" reemerge num cenário de extrema elegância: castelos góticos são trocados por uma vasta propriedade numa região montanhosa, repleta de penhascos e cachoeiras, casa do gênio louco que quer criar a primeira inteligência artificial.

    Como no clássico de Mary Shelley, temas morais são inspirados pela ciência de ponta da época, questionando se homens podem (ou devem) se comportar como deuses.

    No caso da "criatura" de Shelley, a inspiração foi a descoberta do italiano Luigi Galvani em torno de 1780 –que a eletricidade faz músculos saltarem. Seria esse o segredo da vida? E, se fosse, estaríamos prontos para sermos imortais?

    Divulgação
    Cena do filme "Ex Machina"
    Cena do filme "Ex Machina"

    Voltando a 2015, quais os monstros que a ciência pode criar? O holocausto nuclear e deformações genéticas, com certeza. Mas a maior ameaça é uma invenção que pode nos ultrapassar intelectualmente.

    Imagine máquinas brilhantes. Será que poderíamos coexistir com elas? Como poderemos controlá-las? Pois se são mais inteligentes, a decisão é mais delas do que nossa.

    Stephen Hawking está preocupado. "O desenvolvimento de inteligência artificial pode causar o fim dos humanos", disse recentemente. Elon Musk, fundador da Tesla Motors e da agência SpaceX, concorda: "É invocar o demônio".

    MORTE

    O texto hindu "Bhagavad Gita" é citado pelo físico J. Robert Oppenheimer após a detonação da primeira bomba atômica. "Agora sou a Morte, destruidora de mundos", disse Vishnu ao príncipe Arjuna. A frase reaparece em "Ex Machina", comparando quem cria inteligências a deuses.

    O filme vai além: mostra que não é só a inteligência que nos leva ao fim; robôs atraentes podem nos manipular. Racionalmente, queremos destruí-los, mas emocionalmente não conseguimos fazê-lo.

    "Ex Machina" é o "Ela", de Spike Jonze, levado ao extremo –um sistema operacional com voz sexy é substituído por Ava, a belíssima robô que, para ser livre, seduz e destrói.

    Enquanto cientistas e filósofos debatem se é possível criar máquinas que nos superem, elas avançam. A questão permanece: como garantir nossa sobrevivência diante de inteligências artificiais?

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