Zach Condon, multi-instrumentista e idealizador da banda Beirut, vai encontrar a reportagem da Folha em Williamsburg, bairro do Brooklyn com a maior concentração de hipsters da cidade de NY.

O cantor vive na região há quase dez anos, desde que deixou Santa Fé, cidade de 68 mil habitantes no Estado do Novo México, para se apresentar com o Beirut –os primeiros shows foram em Nova York, em 2006, época em que a banda lançou seu primeiro disco, "Gulag Orkestar."

Desde então, o grupo que constrói melodias pop com elementos de música de diferentes países produziu outros três álbuns, cinco EPs e viajou o mundo em turnê. Isso, porém, acabou sendo demais para o autocrítico Condon.

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	Zach Condon, da banda Beirut, em show de 2014

"Essa é a minha natureza. Eu tenho essa mente que está gravando tudo o tempo todo e chega a um ponto em que estou na rua e penso: 'Estou andando de um jeito estranho, as pessoas devem estar olhando para mim. Eu ando de um jeito estranho'", explica.

INSANIDADE

"É uma segunda voz, que avisa, que está me julgando, sempre que eu faço algo." Somada a um pânico de aviões, a sensação consumiu o cantor até a "insanidade total", como ele próprio define.

O resultado foram quatro anos sem um novo álbum –desde "The Rip Tide", em 2011– e vários cancelamentos de shows, incluindo uma apresentação que faria em São Paulo, em novembro de 2014.

"Nada foi mais devastador do que cancelar aquela turnê. Mas em um dia eu achava que poderia fazê-la e, no seguinte, não conseguia levantar da cama", diz.

As tentativas de compor novas canções também eram frustradas. "Eu estava intimidado, nervoso e inseguro a ponto de imaginar o que cada pessoa que ouvisse pensaria."

Foi quando os amigos de banda Paul Collins e Nick Petree, baixista e baterista do Beirut, respectivamente, decidiram intervir. "Eles me disseram: 'Olha, você está ficando completamente pirado'."

POSITIVO

Decidiram então se reunir todos os dias para escrever e gravar novas canções. Desse processo, surgiu o novo disco da banda, "No No No", que será lançado em setembro.

Gravado em duas semanas, o novo álbum terá nove canções e pegada mais divertida que os anteriores.

"É um álbum positivo, uma experiência divertida de verdade", afirma ele. O Beirut fará turnê europeia em setembro, e Condon promete voltar ao Brasil. Os fãs brasileiros terão de esperar até que ele esteja novamente confortável no papel de vocalista, diz.

"Sinto que preciso esperar alguns meses até que me sinta saudável o suficiente e confortável com a ideia de um novo álbum, um novo show."