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    Claudia Raia celebra três décadas de carreira com musical autobiográfico

    MARIA LUÍSA BARSANELLI
    DE SÃO PAULO

    24/07/2015 02h25

    A cabeça de Claudia Raia explodiu. Dos estilhaços de memória, saíram as cenas de "Raia 30, o Musical". É nessa metáfora que se baseia o roteiro do espetáculo, celebração das três décadas de carreira da atriz, que estreia nesta sexta (24) em São Paulo.

    "[Esses estilhaços] são um pouco como a minha cabeça funciona", diz a atriz. Porém não se trata, afirma ela, de uma história autobiográfica e contada cronologicamente, mas sim baseada nos personagens que viveu e nos artistas que a influenciaram.

    Há um primeiro bloco "mais felliniano", composto mais de imagens e memórias do que de texto, explica o diretor da montagem, José Possi Neto. As demais partes focam o trabalho de Claudia na dança, a influência dos teatros musical e de revista e o trabalho na televisão.

    "Explicamos todos os diferentes estilos do trabalho dela", conta Possi.

    Maria Claudia Motta Raia sempre chamou a atenção pelo porte alto, de 1,80 m, e pela voz grave de contralto.

    Entrou para o mundo da dança ainda criança, influenciada pela mãe, Odette, e pela irmã, Olenka, ambas bailarinas. Aos 13 anos, foi estudar em Nova York, onde se interessou por musicais e conheceu o trabalho de coreógrafos como Bob Fosse.

    Três anos depois, ganhou notoriedade em montagem do musical "Chorus Line" e, aos 17, estreou na televisão, atuando ao lado de Jô Soares no programa "Viva o Gordo".

    Fazendo as contas, hoje, aos 48, Claudia acumula mais de três décadas atuando. Mas considera 1985, quando fez a novela "Roque Santeiro", seu ano de estreia. Foi quando conheceu o sucesso popular.

    LETRAS

    Miguel Falabella, que assina o texto da montagem, usou músicas de antigos trabalhos de Claudia, como os musicais "O Beijo da Mulher Aranha" (2000) e "Sweet Charity" (2006). A partir de melodias já existentes, Falabella criou letras que contam a carreira da atriz (leia abaixo).

    Mas boa parte do repertório de Claudia não está no espetáculo. Dos trabalhos na televisão, há apenas dois: Tancinha, da novela "Sassaricando" (1987-88), e a presidiária Tonhão, do programa "TV Pirata" (1988- 90). "Nós optamos por personagens mais estereotipados, mais teatrais", explica a atriz.

    "Pela primeira vez estou apoiada em mim mesma, não tenho o escudo de um personagem", continua Claudia. "É mais difícil, mas acho que estou em cena como eu sou: despojada, divertida."

    Segundo a atriz, ela também quis deixar no espetáculo "os perrengues" que enfrentou ao longo da carreira.

    "Adoro debochar de mim mesma, falar que eu era nariguda [fez plástica no nariz no início dos anos 1990], magra como uma folha de papel."

    De fora também fica a vida pessoal da atriz. "Quando eu fizer 80 anos, vou estrear 'Raio que o Parta', aí vou contar tudo, coisas íntimas, pessoais". brinca.

    RAIA 30, O MUSICAL
    QUANDO qui., às 21h, sex., às 21h, sáb., às 18h30 e às 21h, dom., às 18h; até 17/10
    ONDE Theatro Net - shopping Vila Olímpia, r. das Olimpíadas, 360, tel. (11) 4003-1212
    QUANTO R$ 50 a R$ 200
    CLASSIFICAÇÃO livre

    *

    VIDA NA OBRA
    Letras da nova peça, adaptadas de musicais

    Versão de "If You Could See Me Now", do musical "Sweet Charity"
    O teatro me ensinou:
    No fim da história
    Só aplaude quem gostou!
    Se eu fosse lhes contar
    Por onde começar?
    Na dança eu nasci, na dança me criei!

    Versão de "At the Ballet", do musical "Chorus Line"
    Aos treze, eu resolvi!
    Aos treze, eu decidi!
    Aos treze, eu entendi!
    Queria mais!
    A vida lá em casa não era um refresco!
    A disciplina e o rigor!
    A vida na dança te cobra um preço!
    Sangue, trabalho e suor!

    Versão de "Big Spender", também do musical "Sweet Charity"
    Já cheguei
    Tenho tudo o que é preciso
    Pra brilhar
    Hei sucesso!
    Não quero mais esperar!

    *

    OBRA NA VIDA
    Papéis que marcaram a carreira da atriz

    "Chorus Line" (1984)
    Aos 16 anos, sua atuação no musical chamou a atenção de Jô Soares, com quem trabalhou depois em "Viva o Gordo", sua estreia na TV.

    "Sassaricando" (1987-88)
    A atriz fez sucesso no papel da feirante Tancinha, criado para ela por Silvio de Abreu, autor da novela. "Foi a minha primeira oportunidade mesmo de um grande personagem", diz Claudia.

    "TV Pirata" (1988-90)
    Com a "presidiária sapata" Tonhão, Claudia deixou de lado o estereótipo de mulherão. Em "Raia 30", o personagem, agora bem de vida e envolvido na política, canta um samba de Moreira da Silva.

    "Sweet Charity" (2006)
    Dirigida por Charles Möeller e Claudio Botelho, a atriz protagonizou a versão brasileira do musical de Bob Fosse, inspirado no filme "Noites de Cabíria" (1957), de Federico Fellini.

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