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    A fotografia morreu; viva a "pós-fotografia"

    FRANCISCO QUINTEIRO PIRES
    DE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NOVA YORK

    27/07/2015 02h03

    Ao contrário de David Levi Strauss, o crítico Robert Shore não vê mais sentido na discussão sobre o poder das imagens para representar a realidade.

    Autor de "Post-Photography: The Artist with a Camera", um dos primeiros livros sobre o fenômeno da pós-fotografia, Shore acredita que "o verdadeiro valor do registro fotográfico passou por um teste destrutivo no passado".

    Centrada na edição, reinterpretação e apropriação de imagens espalhadas pela web, "a pós-fotografia "é um momento que permite a expansão dos meios tradicionais de trabalhar com fotos", diz Shore".

    "Uma obra concebida a partir de imagens disponíveis são uma resposta à capacidade da internet de engolir em segundos o que é criado."

    Nenhum dos 53 profissionais elencados em "Post-Photography" se considera pós-fotógrafo. De acordo com Shore, além do emprego de tecnologias digitais, não haveria diferença entre praticantes da pós-fotografia e artistas como Sherrie Levine e Richard Prince, protagonistas da arte realizada a partir da apropriação.

    Reprodução
    Imagem de projeto sobre anorexia da espanhola Laia Abril
    Imagem de projeto sobre anorexia da espanhola Laia Abril

    A espanhola Laia Abril prefere se apresentar como "uma contadora de histórias multimídia", embora adote recursos da pós-fotografia. Em 2011, ela iniciou um projeto sobre anoréxicas que resultou no fanzine "Thinspiration".

    O trabalho de Abril foi selecionado para a exposição "From Here On", em 2013, com trabalhos de pós-fotografia, após um manifesto assinado pelo pesquisador espanhol Joan Fontcuberta e pelo fotógrafo Martin Parr.

    "A princípio, pensei na abordagem tradicional para registrar garotas que sofrem de anorexia e participam de uma comunidade virtual", explica Abril. "Elas compartilhavam autorretratos para reforçar um estilo de vida, e não para revelar uma doença. Passei a fotografar as fotos que as anoréxicas tiraram de si mesmas para denunciar o uso que faziam das imagens."

    Diante da circulação crescente de informações tanto Abril quanto Shore enfatizam a necessidade do papel do editor, responsável por selecionar e reinterpretar, entre bilhões de imagens, o que merece ser observado.

    WORDS NOT SPENT TODAY BUY SMALLER IMAGES TOMORROW
    autor David Levi Strauss
    editora Aperture
    quanto US$ 19 (192 págs.)

    POST-PHOTOGRAPHY: THE ARTIST WITH A CAMERA
    autor Robert Shore
    editora Laurence King
    quanto US$ 28 (272 págs.), ambos na amazon.com

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