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    Peça é encenada sobre árvores no largo do Arouche, em SP; veja vídeo

    MARIA LUÍSA BARSANELLI
    DE SÃO PAULO

    28/07/2015 12h00

    Sobre as árvores do largo do Arouche, no centro de São Paulo, cantam pássaros e também mulheres.

    Na peça "O Canto das Mulheres do Asfalto", quatro atrizes e dois atores sobem nas árvores do largo e, em coro, vociferam o texto de Carlos Canhameiro (da Cia. Les Commediens Tropicales).

    Eles interpretam mulheres que decidem não mais ter filhos e, assim, parar com a humanidade. É uma maneira, explica a diretora, Georgette Fadel, de "dar um susto no espectador", para que ele possa entender a nossa realidade e os problemas da sociedade em que vivemos.

    Estar sobre as copas significa fugir da cidade e buscar um contato com a natureza. "A gente pensou que o asfalto é algo realmente impermeável", conta Georgette, "e que essas mulheres estariam em busca de um solo menos perigoso, menos instável que o asfalto, que não permite um fluxo [com a natureza]."

    Carlos Canhameiro/Divulgação
    A atriz Paula Serra em cena da peça "O Canto das Mulheres do Asfalto", encenada em árvores do largo do Arouche, no centro de São Paulo
    Paula Serra na peça "O Canto das Mulheres do Asfalto", encenada em árvores do largo do Arouche

    Mas o elenco não se restringe à copa das árvores. Circula pelo largo, brinca no balanço preso em galhos, atravessa a rua.

    "A gente achou que precisaria ter um pouco de 'perigo' com os automóveis", diz Georgette. "Os carros passam rápido, quase atropelam os atores, e a cena fica muito mais concreta."

    O Arouche, continua a encenadora, "é um grande centro, muita coisa acontece e muitos tipos circulam, desde o morador de rua à classe média comendo no restaurante. É uma mistura muito rica."

    A rua é também um desafio. "A gente aprende muito, tem que lidar com o barulho dos carros, e as pessoas interagem com o espetáculo."

    No dia da estreia, na última sexta (24), choveu muito e a sessão teve que ser adiada em uma hora. Passada a tormenta, o elenco entrou em cena bastante encharcado.

    "A peça começa com a frase: 'Quando a chuva cai, o asfalto não deixa passar'. De alguma maneira, acho que a gente chamou a chuva", brinca a diretora. "E ela lavou a nossa alma."

    O CANTO DAS MULHERES DO ASFALTO
    QUANDO sex., às 19h e às 21h, sáb., às 18h e às 20h; até 29/8
    ONDE largo do Arouche, São Paulo
    QUANTO grátis
    CLASSIFICAÇÃO livre

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