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    Moda

    Estilista Ronaldo Fraga relança livro em versão dilatada

    PEDRO DINIZ
    COLUNISTA DA FOLHA

    29/07/2015 02h20

    Uma polêmica envolvendo seu nome a projetos de subsídios públicos para moda, outra sobre um desfile supostamente racista e a indicação do Design Museum, de Londres, para a lista dos designers mais inovadores do mundo separa o Ronaldo Fraga de dois anos atrás e o de hoje.

    Também separa a primeira e a segunda edição do livro "Caderno de Roupas, Memórias e Croquis", relançado neste mês pelo estilista mineiro de 48 anos, quase 20 deles dedicados à moda profissional.

    Na versão ampliada da obra, foram incluídos croquis e fotos, além de textos usados em quatro coleções apresentadas após o lançamento dos 3.000 exemplares da primeira edição –esgotados em menos de seis meses.

    "Foi uma surpresa para mim, que não dava valor para esses desenhos, e para a editora [Cobogó], que custeou toda essa nova tiragem [de 5.000 cópias]", diz Fraga.

    Entre as coleções selecionadas para a nova versão do livro está a do verão 2014, intitulada "Futebol", e a de inverno 2014, apelidada de "Carne Seca", que rendeu a Fraga o reconhecimento do museu londrino. Ambas foram apresentadas em desfiles da São Paulo Fashion Week, em 2013.

    Em "Futebol", ao colocar palha de aço nos cabelos das modelos –tentativa de questionar o preconceito da elite em associar fios crespos dos negros a algo esteticamente feio e de resgatar os tempos em que o futebol deixou de ser dominado por brancos–, Fraga provocou uma onda de protestos na internet.

    Em agosto do mesmo ano, uma outra saia justa. A então ministra da Cultura, Marta Suplicy, aprovou pessoalmente um projeto de desfile do estilista via renúncia fiscal da Lei Rouanet. Os estilistas Alexandre Herchcovitch e Pedro Lourenço também tiveram projetos aprovados, o que desencadeou uma grande discussão sobre o papel da moda na cultura.

    "Hoje passo longe dessa discussão [de desfiles na Rouanet]. O que mudou depois disso tudo foi a projeção do meu trabalho, que, se nos anos 1990 era considerado 'carnavalesco', agora prova que é possível estabelecer uma conexão direta entre a cultura e a moda", diz Fraga.

    REFERÊNCIAS

    Goste ou não do resultado dessa apropriação dos signos nacionais –que ele aplica nas roupas e nos desfiles de sua marca homônima na São Paulo Fashion Week–, foi Fraga quem reaproximou o público da estilista Zuzu Angel (1921-1976), do pintor Athos Bulcão (1918-2008), das festas e dos poetas populares do Brasil.

    Num meio repleto de referências a culturas e estilos distantes, como é o da moda brasileira, isso é muita coisa.

    CADERNO DE ROUPAS, MEMÓRIAS E CROQUIS
    AUTOR Ronaldo Fraga
    EDITORA Cobogó
    QUANTO R$ 120 (316 págs.)

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