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    Diretor de 'Medianeras' retrata a loucura de argentinos nos anos 90

    SYLVIA COLOMBO
    DE SÃO PAULO

    29/07/2015 02h10

    Numa tarde de verão em Buenos Aires, um grupo de mulheres se reúne no alto de um edifício e sonha com viajar ao Caribe, escapando de parceiros insatisfatórios e empregos mal pagos.

    Fazem contas, discutem detalhes e, para conseguir dinheiro, aventam participar de um filme pornográfico.

    Esse é o enredo de "As Insoladas", do argentino Gustavo Taretto, diretor de "Medianeras" (2011), um dos convidados do 10º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo.

    Divulgação
    Cena do filme 'As Insoladas', do argentino Gustavo Taretto
    Cena do filme 'As Insoladas', do argentino Gustavo Taretto

    "É um filme que também tem Buenos Aires como protagonista. Mas o que quis mostrar desta vez é como a década menemista [anos 1990, corresponde à gestão de Carlos Menem] transformou as coisas aqui", diz à Folha.

    "A dolarização da economia nos enlouqueceu, havia filas de pessoas querendo ir ao Caribe. Mas também muita gente ficou para trás, como essas meninas", conta.

    Para o diretor, a época foi prejudicial à cultura argentina. "Perdemos nossos referenciais estéticos. A cultura do êxito se impôs, e ficaram em segundo plano as culturas do trabalho e da arte, que eram tão características de Buenos Aires até então. A cidade se modernizou, mas perdeu seu charme histórico, e as pessoas ficaram obcecadas com viagens em cruzeiros e cirurgias estéticas."

    Sobre o sucesso de "Medianeras" no Brasil, onde foi mais visto do que na própria Argentina, Taretto diz: "Apesar de ter traços muito locais, é um filme que fala de várias cidades contemporâneas, onde as pessoas estão muito sozinhas e muito conectadas às redes ao mesmo tempo. Recebo mensagens de brasileiros sobre o filme até hoje".

    HOMENAGENS

    O festival fará homenagem a dois cineastas –ao argentino naturalizado brasileiro Hector Babenco e ao pernambucano Lírio Ferreira.

    Vários filmes brasileiros terão pré-estreia no evento. Nesta quarta (29), após a cerimônia de abertura, será exibido o novo longa de Marcelo Masagão ("Ato, Atalho e Vento").

    Integram a programação, ainda, os novos trabalhos de Cristiano Burlan, "Sermão dos Peixes", e "Trago Comigo", de Tata Amaral.

    No sábado, estão programadas três sessões de filmes de terror, incluindo produções de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, Marcos DeBritto e André de Campos Mello.

    Na programação está ainda o longa brasileiro"Não Estávamos Ali para Fazer Amigos", de Miguel de Almeida e Luiz Cabral. O documentário fala sobre a atuação da "Ilustrada" no período da ditadura militar no país (1964-1985).

    Para realizar um balanço do evento, haverá um seminário internacional sobre os rumos da produção latino-americana no século 21, reunindo produtores e programadores de festivais do México, do Chile e de outros países.

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