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    CRÍTICA

    Thriller 'A Garota no Trem' segue a moda, mas com o pé-no-chão

    CADÃO VOLPATO
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    31/07/2015 02h11

    O negócio não é de agora, já é uma espécie de selo de sucesso há algum tempo: a palavra garota no título de um livro, anunciando um elemento de inocência que logo será adulterado por uma trama de suspense.

    O mais novo thriller com menina na capa, na linha de "Garota Exemplar" (2012), de Gillian Flynn, é "A Garota no Trem", de Paula Hawkins (Record), que figurou por vinte semanas no topo da lista dos mais vendidos do jornal "The New York Times".

    Como "Garota Exemplar", "A Garota no Trem" pertence ao gênero da moda, o thriller-feminino-com-mulher-desaparecida. É, no entanto, um pouco mais pé-no-chão, porque trata diretamente, com suspense e pequenas armadilhas narrativas, da violência contra mulheres.

    Anna Huix/The New York Times
    Paula Hawkins, autora do best-seller 'A Garota no Trem', em janeiro de 2015
    Paula Hawkins, autora do best-seller 'A Garota no Trem', em janeiro de 2015

    A garota no trem, aliás, é na verdade uma mulher na faixa dos 40 anos, alcoólatra e infeliz, que embarca todo dia às 8h04, de Ashbury para Londres, fingindo que vai trabalhar. No caminho, ela sempre avista residências do subúrbio que conhece de cor, e fantasia a vida de um casal vizinho da casa que ela mesma havia ocupado com o marido, um sujeito pacato que a trocara por outra.

    Tudo parece muito idílico na relação desse casal, cujos nomes ela inventa. Um dia, essa mulher do trem avista de relance um acontecimento estranho, que faz desembestar o thriller propriamente dito. Temos, enfim, uma garota desaparecida.

    Mas, como a mulher do trem costuma beber gim logo nas primeiras horas da manhã, não há como confiar 100% no seu testemunho. E outros personagens também têm coisas a contar.

    A ex-jornalista Paula Hawkins, nascida no Zimbábue mas radicada em Londres desde os 17 anos, tem uma história pessoal de empregos chatos (fazia freelancers de economia para o jornal "The Times" nos anos 1990) e fracassos (escrevia livros românticos de encomenda, este é o seu quinto livro, embora esteja sendo tratado como estreia).

    "A Garota no Trem" já está sendo adaptado para o cinema como parte da onda.

    O thriller com mais uma garota no título mostra que ela sabe entreter com uma história bem montada de amnésia e mistério, voyeurismo e violência feminina.

    A Garota no Trem
    Paula Hawkins
    livro
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    Um pacote certeiro em qualquer lista dos mais vendidos. Todo mundo já sabe mais ou menos o que esperar dessas garotas que, em matéria de literatura, não fazem mal a ninguém.

    A GAROTA NO TREM
    AUTOR: PAULA HAWKINS
    TRADUÇÃO Simone Campos
    EDITORA: RECORD
    QUANTO: R$ 35 (378 PÁGS.)

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