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    CRÍTICA

    Clássico oitentista, 'Clube dos Cinco' oferece visão amarga da adolescência

    RICARDO CALIL
    CRÍTICO DA FOLHA

    01/08/2015 02h35

    Selecionado para o projeto Clássicos Cinemark, "Clube dos Cinco" (1985) entrou para a história como um dos filmes que ajudaram a definir a adolescência nos anos 1980.

    E, como outras obras que marcaram aquela década, tem sido alvo de um revisionismo nostálgico, que se apega a aspectos acessórios: as roupas, as músicas, o atual ostracismo dos atores (o infame "onde eles foram parar?", muito popular na internet).

    Mas quem se dispuser a sair da frente do computador e rever o filme na tela grande terá uma surpresa. "Clube dos Cinco" não permite uma celebração fácil do passado, uma festa para se reconciliar com a juventude perdida.

    Divulgação
    O elenco de Clube dos Cinco
    O elenco de Clube dos Cinco

    Poeta pop da adolescência, o diretor John Hughes ("Curtindo a Vida Adoidado") oferece uma visão amarga da puberdade, que não camufla o lado traumático dessa época.

    O cineasta constrói uma obra complexa a partir de uma estrutura simples. A trama se passa em um só dia, em um só lugar, e o número de personagens cabe nos dedos das mãos.

    Em uma escola secundária, alunos passam um dia de castigo, vigiados por um professor sádico, e são obrigados a escrever uma redação dizendo o que pensam de si mesmos.

    A princípio, eles correspondem a cinco estereótipos: o atleta (Emilio Estevez), a patricinha (Molly Ringwald), a esquisita (Ally Sheedy), o rebelde (Judd Nelson), o CDF (Anthony Michael Hall).

    O esforço de Hughes é o de desconstruir os tipos, fazer seus personagens –e os espectadores– compreenderem que há mais semelhanças do que diferenças entre eles.

    Todos eles precisam lidar com as expectativas equivocadas dos pais, a necessidade de pertencimento a seus grupos, a descoberta desajeitada da sexualidade.

    E cada um esconde um episódio doloroso: o abuso físico e psicológico de um pai, uma tentativa frustrada de suicídio, o sentimento de invisibilidade diante dos outros.
    Vista como uma época de movimento, a adolescência é tratada como um confinamento, do qual é preciso se libertar para chegar à vida adulta.

    Ao final, o filme lembra antes uma terapia de grupo do que um baile de formatura. Não se programe para ir a uma festa do tipo Trash 80's depois da sessão. Apesar da trilha do Simple Minds, você provavelmente não estará no clima.

    CLUBE DOS CINCO
    DIREÇÃO: JOHN HUGHES
    ELENCO: EMILIO ESTEVEZ, PAUL GLEASON, MOLLY RINGWALD
    PRODUÇÃO: EUA, 1985, 14 ANOS
    QUANDO: SÁBADO (1º), DOMINGO (2) E QUARTA-FEIRA (5)
    ONDE: CONFERIR NO SITE DO CINEMARK

    DON'T YOU (FORGET ABOUT ME) - Cinco curiosidades sobre 'O Clube dos Cinco'

    Divulgação
    Judd Nelson, Ally Sheedy, Emilio Estevez, Molly Ringwald e Paul Gleason em "Clube dos Cinco"
    Judd Nelson, Ally Sheedy, Emilio Estevez, Molly Ringwald e Paul Gleason em "Clube dos Cinco"

    SIMPLE MINDS
    A música-tema "Don't You (Forget About Me)" foi encomendada à banda escocesa Simple Minds especialmente para o filme

    DOIS DIAS
    Foi o tempo gasto por John Hughes para escrevr a primeira versão do roteiro

    REPRODUÇÃO
    O diretor carrasco do filme foi inspirado em um professor que Hughes detestava

    VISITINHA
    Hughes exigiu que os atores Emilio Estevez e Judd Nelson passassem uma temporada infiltrados em um colégio público americano. Estevez, famoso por "Vidas sem Rumo" (1983), de Francis Ford Coppola, acabou reconhecido

    QUASE
    John Cusack era cotado para o barra pesada Bender (Judd Nelson). No fim, a produção achou que ele era muito engomadinho para o papel

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