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    Quadro de Picasso avaliado em R$ 95 milhões é confiscado na França

    DA AFP

    04/08/2015 10h43

    O serviço de alfândega francês confiscou na sexta-feira (31), em um barco na ilha de Córsega, um quadro de Pablo Picasso declarado "inexportável" pelas autoridades espanholas. A tela pertence ao banqueiro Jaime Botín e é avaliada em mais de 25 milhões de euros (cerca de R$ 95 milhões).

    Os funcionários franceses receberam na quinta-feira (30), no posto alfandegário de Bastia (norte da Córsega), um pedido de "exportação à Suíça" do quadro do Picasso, "Cabeça de Mulher Jovem", propriedade de Botín.

    No dia seguinte, os oficiais de Calvi (noroeste da ilha mediterrânea) "compareceram a bordo de um barco que transportava a obra, atracado em um porto de esportes" da cidade e cobraram "os documentos relativos à situação do quadro", segundo comunicou a alfândega francesa.

    31.jul.2015/AFP
    Imagem divulgada pela alfândega francesa do quadro 'Cabeça de Uma Mulher Jovem', de Pablo Picasso
    Imagem divulgada pela alfândega francesa do quadro 'Cabeça de Uma Mulher Jovem', de Pablo Picasso

    O capitão do barco só conseguiu apresentar um documento de avaliação da obra e um documento redigido em espanhol, de maio de 2015, da Justiça espanhola, que confirmava se tratar de um tesouro nacional que "em hipótese alguma" poderia sair da Espanha.

    O dono do quadro, Jaime Botín, é irmão de Emilio Botín, que presidiu o banco Santander desde 1986 até a sua morte, em setembro de 2014.

    Jaime, 79 anos, foi vice-presidente do Santander entre 1999 e 2015 e atualmente é o acionista majoritário do Bankinter. O banqueiro não estava a bordo do barco, de procedência britânica e propriedade de uma sociedade da qual Botín é acionista, informou à AFP um porta-voz da alfândega.

    Essa mesma fonte indicou que o pedido de exportação registrado em Bastia não levava o nome de Jaime Botín.

    Em dezembro de 2012, a filial espanhola da casa de leilões Christie's apresentou na Espanha um pedido para exportar o quadro a Londres e colocá-lo à venda, mas o Ministério da Cultura espanhol declarou a tela "inexportável, já que era uma das poucas obras de Picasso em uma etapa histórica", afirmou nesta terça (4) um porta-voz da pasta.

    A obra pertence ao período do pintor malaguenho, quando ele tinha 24 anos e vivia no povoado de Gósol, no noroeste da Catalunha, onde pintou uma centena de quadros no verão de 1906. Foi uma época decisiva para o posterior desenvolvimento do cubismo.

    "Não existe obra semelhante na Espanha, o que justifica que ela não possa ser exportada", afirmo ainda o ministério.

    Os advogados de Botín recorreram da decisão judicial, alegando que o quadro não era de sua propriedade, mas de uma empresa da qual ele era acionista. Além disso, afirmaram que a tela não estava em território espanhol, pois foi encontrada em um barco de origem britânica no porto de Valencia (leste da Espanha).

    No entanto, em 2015 a Justiça confirmou que a obra não poderia deixar o país por ser "um bem de interesse cultural" e que o fato de ela ser encontrada em um barco em um porto espanhol habilita as autoridades espanholas a decidir o melhor destino da tela.

    "O grupo de patrimônio histórico da Guarda Civil está investigando o tema há algum tempo", disse uma fonte do órgão espanhol, sem dar, porém, maiores detalhes.

    Baseando-se na decisão judicial espanhola, a saída do quadro da Espanha poderia ser considerada um indício de tráfico ilícito de bens culturais. As autoridades francesas esperam agora uma eventual reclamação da Espanha para recuperar a obra.

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