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    Patologista mineiro participou de autópsia de Elvis, conta livro

    GABRIELA SÁ PESSOA
    DE SÃO PAULO

    07/08/2015 02h00 Erramos: o texto foi alterado

    Elvis morreu mesmo –e o patologista mineiro Raul Lamim, 67 anos, é daqueles que puderam ver para crer.

    Segundo ele mesmo e o livro "The Death of Elvis" (1991), de James P. Cole, contam, Lamim participou da autópsia do Rei do Rock no Hospital Batista de Memphis, em 16 de agosto de 1977.

    Procurada pela Folha, a instituição se comprometeu a confirmar a informação, mas não respondeu até a publicação desta nota.

    "Na época, eu tinha 30 anos e era residente sênior, então tinha alguns privilégios. Eu fazia apenas quatro plantões no ano, aquele era o meu primeiro, exatamente naquele dia de agosto", afirma o médico à reportagem, por telefone, desde o seu consultório em Juiz de Fora (MG).

    Acervo pessoal
    O médico Raul Lamim, em foto dos anos 1970, em frente do Hospital Batista de Memphis. Ele conta ter participado da autópsia de Elvis Presley
    O médico Raul Lamim, em foto dos anos 1970, em frente do Hospital Batista de Memphis. Ele conta ter participado da autópsia de Elvis Presley

    Raul Lamim entrava no plantão às 17h. Elvis chegou ao hospital de ambulância às 16h e foi declarado morto às 16h30, segundo o noticiário da época, quando os socorristas perceberam que não adiantava mais tentar reanimá-lo de uma parada cardíaca.

    O então residente passou na secretaria da necropsia para pegar o bipper, um aparelho que os plantonistas levavam no bolso e vibrava em caso de emergência. Pretendia ficar estudando em sua própria casa e só voltaria ao hospital caso necessário. Eis que foi detido pela secretária:

    "Não vá para casa porque você vai ter de fazer uma necrópsia", disse-lhe a mulher. "O chefe do plantão mandou avisar."

    "Mas quem que é?", perguntou Lamim à funcionária. Diante da resposta ("Elvis Presley"), ele respondeu: "Você está de gozação comigo, né?".

    "Entrei na sala de autópsia para ver. Havia policiais tomando conta. Fiquei até assustado. Logo no meu plantão?", relembra o patologista.

    No caminho da secretaria para a sala onde estava o corpo de Elvis Presley ("ficava no segundo andar, se bem me lembro"), Lamim olhou pelas janelas do hospital. A entrada estava apinhada de caminhões de redes de TV e "muita gente em volta querendo saber o que acontecia. Tinha uma multidãozinha bem boa".

    Reprodução/Acervo Folha
    Capa da "Ilustrada" de 17 de agosto de 1977, noticiando a morte de Elvis Presley
    Capa da "Ilustrada" de 17 de agosto de 1977, noticiando a morte de Elvis Presley

    "Por que esse rapaz morreu, gente? Tão novo", pensou o médico ao ver o corpo do Rei.

    Após cerca de duas horas de análise, os legistas cravaram que a causa da morte foi uma parada cardiorrespiratória.

    "Acredito que ele tenha morrido em função de ter tomado muitos remédios para dormir e os misturou. Acho que entrou num estado de narcose, de semianestesia. Um sono profundo. E caiu no banheiro de casa, que era acarpetado. Do jeito que caiu, ficou. Acredito que a posição que ele foi encontrado, com a face encostada no tapete, tenha dificultado a respiração", explica o médico.

    Segundo os registros médicos a que Lamim teve acesso, não havia nenhuma referência ao uso de drogas ilícitas –Elvis Presley era conhecido por não consumir álcool nem fumar.

    Sobre o ocorrido há 38 anos, o patologista diz que vez ou outra alguém lhe pergunta sobre o assunto. "Às vezes tenho que falar que ninguém sobrevive a uma necrópsia", diz ele, bem-humorado. "É uma brincadeira meio de mau gosto. Mas, sim, infelizmente, Elvis morreu", atesta, pouco antes de desligar o telefone.

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