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    Em 'A Hora e a História', Demétrio Magnoli aborda crise na gestão Dilma

    MAURICIO PULS
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    08/08/2015 02h42

    Recém-lançado pelo Três Estrelas, selo editorial do Grupo Folha,"A Hora e a História", de Demétrio Magnoli, reúne artigos que o sociólogo escreveu para a imprensa de 2004 até abril deste ano.

    Especialista em política internacional e colunista da Folha, Magnoli sustenta que o crescimento da China –que inflacionou os preços das commodities e ampliou os fluxos de investimentos externos– impulsionou as economias dos países emergentes, estabilizando os sistemas de poder na Rússia, Turquia, Argentina e Venezuela.

    Para ele, a era petista inscreve-se nessa moldura. Ex-militante da sigla, argumenta que a legenda abandonou seus ideais socialistas após a queda do Muro de Berlim, mas rejeitou a opção de se transformar num partido social-democrata de corte europeu, preferindo alinhar-se à tradição nacionalista e estadista da esquerda latino-americana.

    Fabio Braga/Folhapress
    Demétrio Magnoli em evento da Folha
    Demétrio Magnoli em evento da Folha

    Ao chegar ao poder, o PT substituiu o Fome Zero idealizado pelo atual presidente da FAO, José Graziano, no qual "pequenos produtores locais forneceriam os alimentos para a mesa dos pobres", pelo Bolsa Família, um enorme programa de estímulo ao consumo popular gestado pelo Banco Mundial, escreve em um dos artigos.

    Em vez de "criar empresas públicas destinadas a prestar serviços essenciais à população", preferiram fortalecer o capitalismo de Estado, subsidiando grandes corporações, como a de Eike Batista. De partido da mudança, o PT converteu-se em "partido da ordem", o que motivou uma "debandada silenciosa" de militantes, diz em outro.

    Esse modelo de expansão entrou em crise quando a economia chinesa começou a se desacelerar. O PSDB, porém, não conseguiu formular "um programa de reformas pós-Plano Real", confinando-se ao discurso anticorrupção e "limitando-se a aguardar que, num passe de mágica, o poder retornasse às suas mãos", acrescentou o sociólogo em entrevista à Folha.

    Reeleita, Dilma trocou "os evangelhos da Igreja da Expansão Fiscal", de Mantega, pelos "evangelhos da Igreja da Ortodoxia Fiscal", de Levy.

    Apesar de suas críticas ao PT, Magnoli rejeita as tentativas de identificar o partido com os dirigentes punidos no processo do mensalão ou com o ex-tesoureiro João Vaccari Neto: "Vaccari é caso de polícia; o PT, não". Ressalta que a legenda não é uma sigla de conveniência, mas uma organização que representa milhões de pessoas: "O PT é parte do que somos".

    A Hora e a História
    Demétrio Magnoli
    livro
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    No ensaio que dá título ao livro, Magnoli diz que "o governo Dilma 2 acabou antes de começar": ela cedeu o controle da economia a Levy e as rédeas da política a Eduardo Cunha. Mas sustenta que "na nossa democracia a hipótese de impeachment só se aplica quando há culpa e dolo": "Salvo se houver novas e dramáticas informações da Lava Jato, inexiste base política e jurídica sólida para abrir um processo de impeachment".

    Para ele, "Dilma vai passar. Ela não vale o preço da redução do Brasil a um Paraguai".

    A HORA E A HISTÓRIA
    AUTOR: DEMÉTRIO MAGNOLI
    EDITORA: TRÊS ESTRELAS
    QUANTO: R$ 33,90 (288 PÁGS.)

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