São raros ou inexistentes, no mercado editorial brasileiro, livros que coloquem num mesmo patamar de importância o vestuário do país –produzido desde a metade do século 20 até hoje– e o internacional.
Um deles está por vir. A Folha lançará no próximo dia 23 de agosto sua primeira coleção de livros de moda.
O compêndio italiano "Moda: Storie & Stili" (2014, Ed. 24 Ore), que reúne verbetes relacionados à indústria do vestuário, foi adaptado para abranger a costura nacional.
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Imagens da coleção de livros de moda da Folha |
Na coleção Moda de A a Z, estilistas como o italiano Giorgio Armani e o francês Pierre Cardin estão ao lado de 43 marcas e designers brasileiros, como o mineiro Ronaldo Fraga e o paulistano Alexandre Herchcovitch.
Até 31 de janeiro de 2016, aos domingos, os 24 volumes da série serão comercializados por R$ 18,90 cada um.
"Já lançamos coleções sobre quase tudo, e era a hora de falarmos de moda, um tema que dá samba e é pouco discutido de forma mais completa, com estilistas e estilos de diversas nacionalidades", diz a gerente de desenvolvimento da Folha, Leticia Barbosa de Carvalho, organizadora do projeto.
Além de nomes grifados, a coleção elenca entre os seus 215 verbetes os estilos e as tendências que vestiram pessoas de diferentes gerações.
A coordenação da série ficou a cargo da editora Página Viva, e os textos e a consultoria editorial, da jornalista Vivian Whiteman, ex-editora de moda da Folha.
Para ela, além de um registro histórico que tem o mérito de "mostrar a moda como um conjunto", a coleção evidencia a posição brasileira no contexto mundial do setor.
"Existe todo um jeito de ver a moda, a roupa, por serem coisas criadas a partir de um certo ponto de vista de quem nasceu e vive aqui, convive com nossa realidade", comenta Whiteman.
"O Brasil já foi muito criticado pela questão da cópia [na moda], mas ela foi parte de um aprendizado e hoje podemos dizer que temos uma história com alguns criadores interessantes e talentosos."
Alguns desses criadores estarão em exposição a partir desta quarta-feira (12), na loja do estilista Alexandre Herchcovitch em São Paulo.
Durante os próximos dez dias, para comemorar o lançamento da coleção do jornal, 12 looks dos estilistas Zuzu Angel (1921-1976), Dener Pamplona (1937-1978) e Clodovil (1937-2009) poderão ser vistas gratuitamente pelo público.
Herchcovitch, que tem sua carreira descrita no 11º volume da coleção, diz que "a exposição é uma oportunidade de ver o trabalho desses estilistas de perto, já que não temos [no Brasil] acervo da história da moda nacional".
GLOSSÁRIO DE TECIDOS
O primeiro volume da coleção Moda de A a Z, que a Folha lança no próximo domingo (23) nas bancas e nas livrarias do país, será acompanhado de um glossário de tecidos, com explicações detalhadas sobre mais de 140 tipos de materiais têxteis e processos de confecção usados na manufatura da moda.
Dos tecidos naturais aos sintéticos, os verbetes passeiam por características e aplicações dessas matérias-primas na criação de roupas.
"Existem outros livros [como o glossário]. O interessante e raro neste caso é que ele vem junto com as informações sobre os designers, mesmo que separado num volume. Então é possível ler sobre os vestidos Dior e, depois, saber mais sobre os tecidos que são citados", explica a jornalista Vivian Whiteman, consultora da coleção.
Segundo ela, as explicações são palpáveis ao leitor e não tombam no peso técnico característico de títulos voltados para a indústria têxtil.
A mostra que ocorrerá a partir desta quarta-feira (12), na loja do estilista Alexandre Herchcovitch (r. Melo Alves, 561, São Paulo, tel. 11-3063-2888), e que marca o lançamento da série, servirá como um aperitivo a essa introdução ao mundo dos tecidos.
Uma capa de noite perolada construída em zibeline de seda e criada em 1968 pela estilista Zuzu Angel (1921-1976) integra a seleção de 14 looks em exibição. Hildegard Angel, filha da estilista, levará a São Paulo dois looks do acervo do Instituto Zuzu Angel, no Rio.
"É importante mostrá-los [os looks] para as pessoas compreenderem que mamãe já criava moda com base na cultura brasileira, isso 20 anos antes da criação das semanas de moda nacionais", diz Angel.