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    CRÍTICA

    'Sobre Amigos, Amor e Vinho' tem narrativa convencional e previsível

    ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZ
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    14/08/2015 02h59

    Filme sobre um grupo de amigos é um subgênero particularmente em voga no cinema francês contemporâneo. Dá margem a sátiras sociais, estudos sobre o caráter, mas também pode ser palco de vinganças e mesquinharias. Ou apenas de gozações.

    A figura central de "Sobre Amigos, Amor e Vinho" é Antoine (Lambert Wilson), cuja voz participa como instância narradora, fazendo comentários constantes sobre sua vida. Logo de cara, sentencia: "Estava de saco cheio." Os amigos, o trabalho, o aborrecem. Ele engana a mulher com outras bem mais jovens, que também o aborrecem.

    Divulgação
    Cena do filme 'Sobre Amigos, Amor e Vinho'
    Cena do filme 'Sobre Amigos, Amor e Vinho'

    Logo depois sofre um enfarte, do qual se recupera. Mas, como estava cheio de tudo, decide dar uma guinada e começa a curtir a vida como um hedonista: abandona o trabalho maçante, passa a beber e a comer alimentos gordurosos, deixa de praticar atividade física. Também passa a dizer o que pensa dos amigos.

    O grupo se conheceu na faculdade e desde então se reúne em churrascos, jantares, corridas de rua e durante as sacrossantas férias anuais.

    A turma compõe uma "fauna" variada e arquetípica. Laurent (Lionel Abelanski) vive tenso por conta de problemas financeiros; Yves (Guillaume de Tonquédec) é o chato que acha que sabe de tudo; Olivia (Florence Foresti) é expansiva e desencanada, mas não consegue se entender com Baptiste (Franck Dubosc), seu ex-marido, que está desempregado, deprimido e quer reatar com ela. E há ainda Jean-Michel (Jérôme Commandeur), sempre disponível e fazendo gafes, o único que não fez faculdade. Conheceu a patota pois trabalhava no restaurante universitário.

    Eles vão passar as férias de verão numa bela casa isolada, com piscina e paisagens de tirar o fôlego. Mas essa longa convivência logo provoca conflitos e ajustes de contas mais embaraçosos do que propriamente engraçados.

    Formado por figuras tão caricatas e heterogêneas, o grupo não convence. Não dá para acreditar que pessoas tão diferentes e sem muita coisa em comum possam ser amigos durante décadas.

    O humor se baseia em gags onipresentes, sempre feitas em detrimento de alguém. Jean-Michel, o ingênuo, é o alvo preferido das gozações. Piadas machistas e homofóbicas também aparecem.

    Além do humor rasteiro e de personagens estereotipados, o filme tampouco brilha com a narrativa, convencional e previsível. Como Antoine, o espectador se aborrece.

    O melhor são os desempenhos de Wilson e Foresti, que apesar dos diálogos pouco inspirados, conseguem destilar alguma ironia.

    SOBRE AMIGOS, AMOR E VINHO (Barbecue)
    DIREÇÃO: ERIC LAVAINE
    ELENCO: LAMBERT WILSON, FRANCK DUBOSC, FLORENCE FORESTI
    PRODUÇÃO: FRANÇA, 2014
    QUANDO: ESTREIA NESTA QUINTA (12)
    CLASSIFICAÇÃO: 14 ANOS

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