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    Sebo carioca vende edição autografada de 'Dom Casmurro' por R$ 24 mil

    GABRIELA SÁ PESSOA
    DE SÃO PAULO

    15/08/2015 02h40

    Especializado em leilões de livros raros, o sebo carioca Babel Livros contabiliza 5.000 clientes em sua base de dados, segundo o livreiro Ramon Rodrigues. Ele não sabe precisar quantos, mas diz que parte deles vai aos pregões, realizados geralmente a cada dois meses, em busca de títulos autografados pelo autor.

    Em um deles, Rodrigues diz ter vendido um original de "Dom Casmurro" com dedicatória do próprio Machado de Assis a R$ 24 mil. Uma obra autografada pelo maior autor brasileiro não sai por menos de R$ 3.000.

    Reprodução
    Folha de rosto da primeira edição do livro 'Dom Casmurro', de Machado de Assis, que se encontra na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro
    Folha de rosto da primeira edição do livro 'Dom Casmurro', de Machado de Assis, que se encontra na Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro

    No Brasil, o mercado de livros autografados é para poucos –que garimpam sebos especializados, lojas on-line e leilões, como o da Babel.

    Diferentemente dos EUA, onde até em lojas de aeroportos se encontra exemplares com dedicatória, conta o colecionador Paulo Fugulin.

    Fugulin, 36, é economista e chega a frequentar sessões de autógrafo de autores que por vezes desconhece –como fez em novembro passado com a espanhola Megan Maxwell, dileta dos romances "soft porn" como a trilogia "Peça-me o que Quiser".

    É assim que sua coleção cresce a um ritmo de três novos livros autografados por semana, aliando idas a lançamentos a compras em sebos.

    O economista é um dos clientes do sebo O Buquineiro, em São Paulo, onde de dez a 20 compradores, "dependendo do mês", segundo o livreiro Gilvaldo Santos, vasculham prateleiras atrás de novidades no acervo de autógrafos.

    "É um mercado pequeno. Por outro lado, o cliente se torna fiel a determinados vendedores. Quem compra comigo dificilmente compra de outro", explica Santos.

    QUEM VALE MAIS?

    Os preços variam dependendo da importância histórica. Popularidade do autor e se ele está ou não em atividade.

    O Vampiro de Curitiba, como é conhecido o recluso Dalton Trevisan, é um dos que mais valem: na internet, um livro seu –como "Virgem Louca, Loucos Beijos", de 1998–pode custar R$ 250, mais do que "A Cidade e a Roça", de Rubem Braga (1913-1990), que sai por R$ 95.

    A origem das cópias assinadas costuma ser parecida: coleções familiares, que os herdeiros colocam no prelo. A autenticidade é comprovada em livros de referência ou acervos confiáveis, como os de críticos literários e acadêmicos.

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