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    Filme protagonizado por Lázaro Ramos encerra mostra suíça de cinema

    LUCAS NEVES
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS

    17/08/2015 02h00

    O cineasta Sérgio Machado, 46, estreou em longas-metragens de ficção com "Cidade Baixa" (2005), saudado pela crítica e exibido em Cannes. O segundo esforço, "Quincas Berro d'Água" (2010), repercutiu menos.

    A trama de "Tudo que Aprendemos Juntos", apresentado no último sábado (15) no encerramento do Festival de Locarno (Suíça), espelha a insegurança que acometeu o diretor depois dessa oscilação.

    "Como 'Quincas' não havia feito tanto sucesso, estava com medo, sentindo um 'se errar agora, já era'", diz. "Tenho pânico de um dia não poder fazer cinema. Quero ser Manoel de Oliveira [que rodou praticamente até morrer, em abril, aos 106 anos]."

    Divulgação
    Foto de "Tudo que Aprendemos Juntos" (antes conhecido como "Heliopolis"), filme de Sergio Machado, com Lazaro Ramos. O filme encerra a 68a edição do Festival de Locarno. Divulgacao. ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM*** Lázaro Ramos vive professor em "Tudo que Aprendemos Juntos", de Sérgio Machado.
    O ator Lázaro Ramos vive professor em "Tudo que Aprendemos Juntos", de Sérgio Machado

    É por isso que "Tudo..." começa quando Laerte (Lázaro Ramos), virtuose do violino, sucumbe ao nervosismo durante uma audição para a Osesp. Perdida a chance, deverá aceitar um posto de professor numa escola na favela de Heliópolis, onde terá pela frente uma turma hostil.

    No convívio com a molecada, identificará talentos e terá de se haver com traficantes locais (núcleo em que o rapper Criolo faz uma ponta).

    "A história marca um reencontro com os meus pais", afirma Machado, filho de músicos. "A diferença para outros 'filmes de escola' é a falta de hierarquia: o que o professor aprende com os jovens é tão ou até mais importante do que o que ensina."

    E a música —o rap de Sabotage, Rappin' Hood, Racionais e Criolo— é a principal lição assimilada por Laerte. O filme é baseado na peça "Acorda, Brasil", de Antônio Ermírio de Moraes (1928-2014), por sua vez decalcada da trajetória do Instituto Baccarelli, que reúne jovens carentes em cursos de artes —e que deu origem à Sinfônica de Heliópolis.

    "O filme fala de tolerância, de construir pontes, o que vem a calhar num momento em que o pensamento fascista prolifera no Brasil", conclui Machado. A estreia em circuito deve ocorrer em novembro.

    PRÊMIOS

    Os prêmios da competição principal do Festival de Locarno foram divididos entre três filmes: "Right Now, Wrong Then", do sul-coreano Hong Sang-soo (Leopardo de Ouro e melhor ator), "Happy Hour", do japonês Ryusuke Hamaguchi (atriz e roteiro), e "Tikkun", do israelense Avishai Sivan (prêmio especial do júri e fotografia).

    *

    VENCEDORES

    Leopardo de Ouro
    'Right Now, Wrong Then',
    de Hong Sang-soo (Coreia do Sul)

    Prémio especial do júri
    'Tikkun', de Avishai Sivan (Israel)

    Melhor diretor
    Andrzej Zulawski, por 'Cosmos' (França)

    Melhores atrizes
    Tanaka Sachie, Kikuchi Hazuki, Mihara Maiko e Kawamura Rira, por 'Happy Hour' (Japão)

    Melhor Ator
    Jung Jaeyoung, por 'Right Now, Wrong Then'

    Menções especiais
    Roteiro de 'Happy Hour' e fotografia de 'Tikkun'

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