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    Instalação temporária em SP chama atenção para o uso da luz na cidade

    BEATRIZ MONTESANTI
    DE SÃO PAULO

    19/08/2015 20h23

    Durante cerca de duas horas da noite desta quarta-feira (19) quem passou pela região da Vila Madalena, em São Paulo, pode perceber uma sensação diferente, provocada pela mudança da iluminação local.

    Tratava-se do projeto Luz para a Coexistência, realizado pela Associação Brasileira dos Arquitetos de Iluminação em parceria com o Social Light Movement, rede internacional de designers.

    Com a intenção de repensar a utilização da luz em espaços públicos, a intervenção foi responsável por espalhar projetores de led, filtros coloridos, lanternas de isopor e de garrafas pet pelo percurso que vai da praça Beco Niggaz da Hora, na rua Belmiro Braga, seguindo pela rua Inácio Pereira da Rocha, pelo Beco do Batman, até chegar à escadaria do Patápio, localizada entre as ruas Patápio Silva e Medeiros de Albuquerque.

    Os espaços ocupados acompanham o percurso do córrego Rio Verde, hoje quase todo soterrado. Os dois becos são antigas vielas sanitárias que, nos últimos anos, receberam em seus muros grafites diversos, tornando-se museus de arte a céu aberto.

    "As situações que geraram esses becos são fruto de um mesmo processo, de canalização do rio. Hoje são vias para pedestre, uma espécie de espaço residual da cidade que já adquiriu uma nova caracterização através do grafite, e agora propomos outra leitura por meio da luz", diz Fernanda Carvalho, coordenadora cultural do projeto.

    Por dois dias, cerca de 30 arquitetos, light designers (designers especializados no uso de luzes) e artistas plásticos participaram de um workshop para pensar como transformar esses espaços por meio da iluminação. De início, os participantes fizeram uma pesquisa de campo, conversando com moradores e comerciantes da região, para levantar demandas e opiniões sobre a movimentação local. Entre os ouvidos, estavam moradores de rua, que receberam lanternas de isopor decoradas com vitrais no jardim em volta do local onde dormem, na ponta direita da praça.

    A intervenção ali realizada, porém, evitou reproduzir o efeito provocado pela luz do dia, que escancara as ilustrações espalhadas pelas laterais dos becos. Ao contrário, os participantes do projeto instalaram focos de luzes evidenciando pequenos detalhes dos grafites, por vezes encobertos pelo excesso de cores e desenhos. Algumas lanternas foram envoltas em filtros azuis, representando o córrego que passa por ali debaixo.

    A energia elétrica foi cedida por espaços culturais localizados na região. Os materiais, como luzes de led e cabeamento, foram emprestadas de empresas de luz.

    Até às 22h, horário por lei do silêncio, a instalação cuidadosamente montada ao longo do dia deverá estar inteiramente desfeita, e os becos voltarão ao seu breu costumeiro.

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