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    CRÍTICA

    Diretor vai de excelência a infantilidade em pós-apocalíptico

    SÉRGIO ALPENDRE
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    27/08/2015 02h20

    As visões do futuro nunca foram tão sombrias. Parece que todos esperam um mundo cada vez pior, e não há motivos para pensarmos no contrário. Estamos mesmo no século da distopia.

    "Expresso do Amanhã", de Joon-ho Bong, é mais um filme pós-apocalíptico que estreia agora no Brasil, com inexplicáveis dois anos de atraso.

    Para um filme com Chris Evans ("Capitão América"), Jamie Bell (o eterno Billy Elliot –filme ruim é como sarna) e os interessantes Tilda Swinton, John Hurt e Ed Harris é surpreendente essa demora.

    Divulgação
    Créditos: Divulgação Legenda: Cena do filme "EXPRESSO DO AMANHA" ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Chris Evans (à frente), Luke Pasqualino, Ahsung Ko e Kangho Song (último, no fundo)

    Na trama, um experimento climático deu errado, provocando uma nova era glacial. Só sobreviveram os poucos que embarcaram num gigantesco trem, uma espécie de arca mecânica (em referência à arca de Noé).

    Nesse lar sobre trilhos, contudo, estão reproduzidos os mesmos conflitos de classe de antes, com uma maioria escravizada, que vive no fundo do trem e é tiranizada por uma minoria insana.

    Curtis (Evans) e Edgar (Bell) estão entre aqueles que resolvem se rebelar. Para tentar mudar as coisas, precisam chegar ao primeiro vagão do trem.

    Devem enfrentar uma série de obstáculos e passar por diversos níveis, como numa mistura de videogame com excursão escolar (passam por uma estufa de plantas, um restaurante-aquário, um vagão-escola, entre outras esquisitices).

    O roteiro do próprio Joon-ho Bong e de Kelly Masterson, baseado na graphic novel francesa "Le Transperceneige", não faz questão de esconder que tudo não passa de uma bobagem. Mas a história em si não interessa em cinema. O que importa é a maneira como a história é contada.

    O diretor sul-coreano chega a seu quinto longa-metragem, o primeiro com elenco multinacional, repetindo a atmosfera de tensão que caracterizou seu melhor trabalho até aqui: "O Hospedeiro" (2006).

    Em alguns momentos, chega perto da excelência. Em outros, beira o infantil. Mas não deixa de ser interessante sua visão de mundo, em que o sadismo encontra um humor inusitado, e sua habilidade em trabalhar num cenário exíguo com uma galeria de personagens bizarros.

    O elenco de apoio está muito bem. Principalmente Tilda Swinton, caracterizada como uma vilã de desenho animado, cheia de cacoetes e com jeitão de cientista maluca. Ed Harris também impressiona como o grande vilão Wilford, que só aparece nos minutos finais do longa.

    "Expresso do Amanhã" está longe de ser um grande filme, mas não se pode dizer que é esquecível.

    Expresso do Amanhã (Snowpiercer)
    DIREÇÃO: JOON-HO BONG
    ELENCO: CHRIS EVANS, KANG-HO SONG, ED HARRIS, TILDA SWINTON
    PRODUÇÃO: COREIA DO SUL/REPÚBLICA TCHECA/ESTADOS UNIDOS/FRANÇA, 2013
    CLASSIFICAÇÃO: 16 ANOS
    QUANDO: ESTREIA NESTA QUINTA (27)

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