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    Dominado por africanos, festival no Rio de Janeiro celebra teatro lusófono

    MARIA LUÍSA BARSANELLI
    DE SÃO PAULO

    28/08/2015 02h30

    Há nove anos, a atriz Tânia Pires assistiu ao grupo moçambicano Mutumbela Gogo, da diretora Manuela Soeiro, encenar "As Filhas de Nora", versão de "Casa de Bonecas", do norueguês Henrik Ibsen.

    "Quando vi um grupo moçambicano fazendo um texto nórdico com a ginga de Moçambique e a língua portuguesa, fiquei muito impressionada", conta Tânia.

    Apesar da proximidade do idioma, conta a atriz, no Brasil há ainda um grande desconhecimento do teatro africano que fala português. E foi assim que ela criou o Festlip - Festival Internacional de Teatro da Língua Portuguesa, cuja sétima edição acontece até 6 de setembro em cinco espaços do Rio de Janeiro.

    São oito peças de Angola, Brasil, Cabo Verde, Galícia, Moçambique e Portugal.

    Divulgação
    O grupo moçambicano Mutumbela Gogo em cena do espetáculo "Os Meninos de Ninguém", de Manuela Soeiro, Mia Couto e Henning Mankell; a peça abre a sétima edição do Festlip - Festival Internacional de Teatro em Língua Portuguesa CRÉDITO: Divulgação ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    O grupo moçambicano Mutumbela Gogo em cena do espetáculo 'Os Meninos de Ninguém'

    Um dos principais expoentes do teatro em seu país, Manuela, que celebra 40 anos de carreira, é a homenageada desta edição e apresenta "Os Meninos de Ninguém", com o Mutumbela Gogo, escrita por ela, Mia Couto e Henning Mankell (com quem a encenadora divide a direção).

    Tânia descreve a produção africana como um teatro marcado por assuntos dramáticos e de cunho social, como guerra e fome, mas sempre tratados com uma certa leveza.

    "Angola, que veio de uma guerra civil recente, fala muito do sofrimento, mas há uma catarse, eles brincam em cima da tristeza. Moçambique é mais realista, mas visualmente tem muita cor, o que dá uma certa leveza. E Cabo Verde tem uma expressão corporal e de dança muito forte."

    "Tentamos [na mostra] quebrar paradigmas", continua ela. "No Brasil, também temos preconceito com o teatro português, achamos que ele é realista demais, o que não é verdade." Do país, o festival apresenta "Misterman", de Elmano Sancho.

    O festival ainda prepara uma coprodução com a companhia portuguesa Teatro da Garagem, do diretor Carlos Pessoa, cuja linguagem é muito ligada ao audiovisual. A montagem irá estrear na edição 2017 do Festlip.

    FESTLIP
    QUANDO até 6 de setembro
    QUANTO grátis
    CONFIRA a programação completa em www.talu.com.br/festlip

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