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    Vencedora de três Oscars, Ingrid Bergman faria cem anos hoje

    INÁCIO ARAUJO
    CRÍTICO DA FOLHA

    29/08/2015 02h15

    Depois de Greta Garbo, Hollywood não poderia pedir mais à Suécia: Ingrid Bergman (1915-82) chegou aos EUA em 1939 para a refilmagem do sueco "Intermezzo" (1936) que seria confiada a Gregory Ratoff e logo caiu nas graças do público americano.

    Emplacou um tipo raro: o da mulher adulta, com muita classe, misteriosa, ambígua o bastante para se apaixonar por um Humphrey Bogart. E foi isso que aconteceu com seu personagem em "Casablanca" (1942), que permanece, até hoje, como seu papel mais célebre no cinema.

    Mais até do que o de "À Meia-Luz" (1944), que lhe deu o seu primeiro Oscar, sob a direção de George Cukor. Ainda faltava muito, no entanto, para que seu talento se esgotasse.

    Viria depois o trabalho com Hitchcock, que fez dela sua atriz favorita a partir de "Quando Fala o Coração" (1945), em que contracena com Gregory Peck. Logo em seguida viria outro sucesso, "Interlúdio" (1946). Em 1948, Bergman realizou o projeto de representar Joana d'Arc, no filme de Victor Fleming.

    Silver Screen Collection/Getty Images
    Ingrid Bergman (1915-1982), Swedish actress, holding her Oscar statuette at the 47th Academy Awards, at the Dorothy Chandler Pavilion in Los Angeles, California, USA, 8 April 1975. Bergman won the award for Best Actress in a Supporting Role, for her performance in 'Murder on the Orient Express'. (Photo by Silver Screen Collection/Getty Images) ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    Ingrid Bergman com seu terceiro Oscar na 47ª edição da premiação

    Bem mais memorável que "Joana d"Arc", no entanto, será "Sob o Signo de Capricórnio" (1949), filme porém de pouco apelo comercial, que marca o fim de sua primeira passagem pelo cinema americano.

    Ao contrário de Greta Garbo, Ingrid não se preocupou muito de manter sua vida pessoal em segredo. Após assistir a "Roma Cidade Aberta" (1945), enviou à Itália uma carta ao diretor do filme, Roberto Rossellini, oferecendo-se para filmar com ele.

    Isso Hollywood podia suportar. O problema é que, ao filmar a áspera obra-prima neorrealista "Stromboli" (1950), ela se apaixonou por Rossellini. Era demais para a América puritana suportar: Ingrid deixou o marido e a filha para ficar com o cineasta italiano, que, no mais, dera as costas a um contrato que lhe foi oferecido nos EUA por não aceitar que o direito à montagem final fosse do estúdio, e não dele.

    E lá se foi Ingrid na condição de primeira loira impecável a abandonar Hitchcock (depois seria a vez de Grace Kelly). No mais, para os EUA ela não era mais impecável: ali não voltaria a filmar antes de se divorciar do italiano. Fez o facilmente esquecível "Anastácia, a Princesa Esquecida" (1956), que lhe valeu seu segundo Oscar de melhor atriz.

    Ingrid estava perdoada por suas atribulações sentimentais, mas não voltaria a brilhar com a intensidade dos anos 1940, apesar do trabalho em "Estranhas Coisas de Paris" (1956), com Jean Renoir, e de ganhar um Oscar de atriz coadjuvante por "Assassinato no Oriente Express" (1974), de Sidney Lumet.

    A essa altura, pouca gente reclamaria que faltava algo em sua carreira. Para ela faltava: filmar com o mestre sueco Ingmar Bergman (sem parentesco), talvez o mais célebre diretor de atrizes de todos os tempos, em "Sonata de Outono" (1978). Sua trajetória no cinema estava completa.

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