• Ilustrada

    Monday, 06-May-2024 13:38:56 -03

    CRÍTICA

    Maestro John Neschling se dispõe a riscos em ópera 'Manon Lescaut'

    SIDNEY MOLINA
    CRÍTICO DA FOLHA

    01/09/2015 02h25

    "Manon Lescaut" (1893) tornou o italiano Giacomo Puccini imediatamente célebre. A ópera ainda não tem a unidade de "La Bohème" e "Tosca", seus trabalhos seguintes, mas já traz o ritmo teatral alucinante e o controle de elementos heterogêneos que se tornariam suas marcas.

    Na montagem dirigida por Cesare Lievi (com cenografia de Juan Guillermo Nova) para o Theatro Municipal de São Paulo, John Neschling rege a orquestra da casa. Há afinidade entre o maestro e as soluções harmônico-orquestrais do compositor.

    Puccini (1858-1924) e Neschling gostam de ir direto ao ponto e aceitam correr riscos. Quando a resposta sonora vem na mesma medida, o resultado é extraordinário –como no "intermezzo" que abre o terceiro ato.

    Heloisa Ballarini/Divulgação
    Opera Manon Lescaut - ensaio no Theatro Municipal de São Paulo Ensaio da ópera "Manon Lescaut", de Puccini, no Theatro Municipal de São Paulo. Na foto, a soprano Maria José Siri e o tenor Marcello Giordani Foto:Heloisa Ballarini/Divulgacao ***DIREITOS RESERVADOS. NÃO PUBLICAR SEM AUTORIZAÇÃO DO DETENTOR DOS DIREITOS AUTORAIS E DE IMAGEM***
    A soprano Maria José Siri e o tenor Marcello Giordani em ensaio de 'Manon Lescaut'

    A Manon da soprano uruguaia María José Siri é refinada, cheia de cores, mas sabe também explodir junto com a paixão errática e plana do Des Grieux do tenor italiano Marcello Giordani.

    O barítono brasileiro Paulo Szot fez Lescaut com a habitual elegância, e o baixo brasileiro Saulo Javan, em grande forma, maximizou o potencial vocal, cênico e afetivo de Geronte.

    A bela cena no campo usada como solução visual no primeiro ato estimula o diálogo com o século 18, no qual se passa a ação. Sustentada no segundo ato, a referência destaca as ironias pastorais da música.

    Nos atos finais, Puccini nada interpõe ao romantismo –a linguagem da interioridade–, e a cenografia segue o som. O classicismo vira reminiscência.

    Na estreia, no último sábado (29/8), uma falha técnica fez o quarto ato começar, parar, voltar e recomeçar, para daí seguir normalmente, sem maiores consequências.

    O destino é um sistema que persegue Des Grieux: "atrás de meu destino me arrasto", afirma. Já para Manon a vida é um jogo de forças que atuam na imediatidade, e o amor não a faz largar cremes e joias. Em "Manon Lescaut", determinismo e livre arbítrio perecem juntos.

    MANON LESCAUT
    QUANDO ter. (1º e 8/9), qui. (3 e 10/9) e sáb. (5/9), às 20h; dom. (6/9), às 18h
    ONDE Theatro Municipal de São Paulo, praça Ramos de Azevedo, s/nº; tel. (11) 3053-2090
    QUANTO de R$ 50 a R$ 120
    CLASSIFICAÇÃO 10 anos

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024