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    Das andanças de Cássio Loredano nascem livro e exposição sobre o Rio

    LUIZA FRANCO
    DO RIO

    04/09/2015 02h31

    O desenhista carioca Cássio Loredano, 67, não tem pernas, tem o "expresso canelinha", seu meio de transporte para perambular pelo Rio.

    Avesso aos avanços tecnológicos, considera os automóveis "células cancerígenas". Topa pegar ônibus e táxi, se estiver com pressa. O metrô lhe traz desgosto porque o impede de observar a cidade.

    De suas andanças nasceu o livro "Rio, Papel e Lápis", com 62 desenhos das construções que mais o emocionam na cidade. O livro foi encomendado pelo Instituto Moreira Salles, do qual Loredano é consultor iconográfico, para os 450 anos da cidade. A sede do instituto, na Gávea, expõe alguns dos desenhos originais.

    O caricaturista e ilustrador percorreu o roteiro que escolheu quase todo do dia para a noite, tão frescos estavam os lugares em sua memória.

    Nele não há a beleza natural pela qual o Rio é conhecido, mas a construída, e, em muitos casos, escondida.

    Começa na igreja de Nossa Senhora da Cabeça, no Jardim Botânico, e termina na ponte dos Jesuítas, em Santa Cruz, passando pelo centro, onde está a maior parte dos preferidos de Loredano.

    No estúdio, ele desenhou em grafite, nanquim, esferográfica e aquarela o que queria ressaltar. Na rua Primeiro de Março, desenhou a Igreja da Ordem Terceira do Carmo, que considera linda, e apenas o contorno da igreja que fica ao seu lado. "Mexeram demais nela", afirma.

    Já na hora de desenhar a Igreja de São José, quis incluir o vizinho, a Assembleia Legislativa, que ele acha horrenda. "Coloquei só para poder falar mal", diz Loredano.

    Não só de prédios públicos é feito o álbum. Estão ali um prédio art déco em Copacabana, outro em Santa Teresa, o Pedregulho, conjunto habitacional na zona norte projetado por Reidy em 1947.

    Nos textos que escreveu para acompanhar os desenhos, Loredano mostra sua visão crítica dos prédios. Às vezes de antipatia, como com a praça da Bandeira, outras de carinho, como no caso da Biblioteca Nacional, seu favorito.

    Como diz Loredano, a sorte do Rio foi ter ficado sem dinheiro para derrubar esses prédios quando deixou de ser capital. "Quando acordaram, tínhamos preservado tudo."

    RIO, PAPEL E LÁPIS
    EXPOSIÇÃO de ter. a dom. e feriados, das 11h às 20h
    ONDE Instituto Moreira Salles RJ, r. Marquês de São Vicente, 476, tel. (21) 3284-7400
    QUANTO grátis
    Livro IMS, R$ 89,90 (156 págs.)

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