• Ilustrada

    Thursday, 02-May-2024 00:32:58 -03

    Baby do Brasil e Pepeu Gomes voltam a dividir palco 27 anos depois

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    ENVIADA ESPECIAL AO RIO

    10/09/2015 02h00

    Em 18 anos, Baby do Brasil e Pepeu Gomes trocaram nomes (nasceram Pedro Anibal e Bernadete Dinorah), juras de amor, fraldas de seis filhos e cores de cabelo –inclusive os da axilas dela, uma laranja e outra azul nos anos 1980.

    Até que, em 1988, acabou o casamento da dupla responsável por versos como "ser um homem feminino/ não fere o meu lado masculino" ("Masculino e Feminino") e "tudo azul/ Adão e Eva e o paraíso" ("Sem Pecado e Sem Juízo").

    Os créditos finais pareciam ter rolado também na música. Há 27 anos acontecia o último show de Baby e Pepeu, que desde lá só se reencontraram no palco em reuniões bissextas dos Novos Baianos, banda que os apresentou ao Brasil.

    No dia 20, a cantora e o guitarrista, ambos aos 63, tocarão juntos no Rock in Rio, em show produzido pelo filho Pedro Baby, 37, craque no mesmo instrumento que deu ao pai a fama de "guitar hero".

    Gabriel Cabral/Folhapress
    Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 20-07-2015: Pepeu Gomes, Pedro Baby e Baby do Brasil. (foto Gabriel Cabral/Folhapress)
    Pedro Baby entre os pais, Pepeu Gomes e Baby do Brasil, no Alto da Boa Vista, no Rio

    Em uma hora, Baby fará um apanhado de hits como "Menino do Rio" (primeiro sucesso solo, escrito por Caetano Veloso) e "A Menina Dança".

    Pepeu –único artista a participar de todas as seis edições brasileiras do evento, incluindo a deste ano– será seu convidado. Para Pedro, que já acompanhou de Gal Costa a Marisa Monte e agora se junta aos pais, o Rock in Rio poderá ser um "trailer" do que vem por aí. "Óbvio que, se tudo correr bem, esse papo [um projeto no futuro] vai aparecer em almoços de família."

    A reunião acontecer no festival significa um tanto para os dois. Há 30 anos, Baby –de minissaia, bota de cano alto e top bordados, o barrigão de oito meses de gravidez à mostra– sambou na cara do público metaleiro do primeiro Rock in Rio, com sua versão cantada de "Brasileirinho". Escalados para o dia de Ozzy Osbourne e AC/DC, ela e Pepeu escaparam das vaias. Erasmo Carlos não teve a mesma sorte.

    Eram tempos de seguir Thomaz Green Morton, o guru do "rá" –grito energizante que contagiou os anos 1980, de Gal a Tom Jobim. Baby e Pepeu batizaram o caçula de Kriptus Rá (na barriga da mãe no Rock in Rio) e usavam adereços de metais (como garfos) que Morton dizia entortar com a mente.

    Baby e Nina Hagen, 60, outra atração do festival, se encantaram uma com a outra. Em comum, o gosto por nomes excêntricos para a prole –a filha de Nina é Cosma Shiva.

    Os baianos alugaram uma escuna no Iate Clube carioca e ofereceram um banquete à alemã. "Ela comia caruru, e aquela baba do quiabo escorria pela boca. Era uma punk doida", lembra a brasileira.

    Desde 1999, Baby é do Brasil e também de Deus. "Popstora" evangélica, organiza a conferência "Não Vai Ter Bunda Mole no Céu", ainda sem data. "Sem nenhum baseado, me tornei uma pessoa muito mais louca." Do "rá" ao "aleluia", diz que sempre fez da busca pela espiritualidade uma "bandeira nacional".

    Com cabelos roxos e Jesus no coração, volta ao Rock in Rio após 30 anos. Tem um próximo sonho. "Pedi a Deus para ter muitos filhos músicos, para podermos tocar juntos", diz a matriarca, que mantinha um "livro-caixa" com 46 refeições diárias para a filharada ovo-lacta-vegetariana.

    A banda tamanho família ainda não aconteceu. Mas, do gospel ao eletrônico, os seis rebentos trabalham na área: Sarah Sheeva (nascida Riroca), Zabelê, Nana Shara, Pedro Baby, Krishna Baby e Kriptus Rá.

    DE OUTRO MUNDO

    Enquanto o filho franze a testa, Baby e Pepeu se fascinam com a "abelha, abelhinha" que fez "zunzum" pra eles durante a sessão de fotos. "É a amiguinha de 'Acabou Chorare'", diz ela. "A pretinha já morreu", pondera ele.

    Pedro (ou Pituco, como prefere o pai), diz que, se não encarnar "o sério", capaz de todos terminarem dançando no telhado da casa de design oitentista, cercada por mata atlântica carioca e com piscina de chão de vidro. A mãe planeja fazer lá a festa "Cósmica".

    Baby e Pepeu sempre foram de outro mundo. Já foram vetados na Disney. Culpa dos "cabelos coloridos" que tiravam "a atenção dos brinquedos do lugar", afirmaram em "Barrados na Disneylândia".

    Baby filho, quando bebê, posou de fralda de paetê prateado num disco da Baby mãe. Cresceu "muito centrado", diz Pepeu, camisa estampada com rostos do rock, de John Lennon a Gene Simmons. "Só de olhar para ele me dá segurança."

    "Parece até que Pedro é que é o pai deles", diz o motorista Ronaldo, que chegou atrasado porque seu passageiro, Pepeu Gomes, pediu para parar no caminho. Queria tomar um milkshake de Ovomaltine.

    BABY, PEPEU E PEDRO NO ROCK IN RIO
    QUANDO dom. (20), às 16h30
    ONDE Cidade do Rock, parque dos Atletas, av. Salvador Allende
    QUANTO R$ 350 (esgotado)
    CLASSIFICAÇÃO 15 anos

    [an error occurred while processing this directive]

    Fale com a Redação - leitor@grupofolha.com.br

    Problemas no aplicativo? - novasplataformas@grupofolha.com.br

    Publicidade

    Folha de S.Paulo 2024