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    CRÍTICA

    Protegido pela polêmica de sexo explícito, 'Love' se revela careta

    PEDRO BUTCHER
    COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

    10/09/2015 02h37

    Só se fala das cenas de sexo explícito de "Love", mas não custa lembrar: o título do filme não é "Sexo", é "Amor". Não se engane. Há bastante sexo neste terceiro longa de Gaspar Noé, mas há ainda mais amor. Ou convenções do que seria o amor nos filmes românticos mais caretas.

    É curioso como o diretor precisou se justificar. Para tanto, utiliza um recurso bastante óbvio: faz de seu personagem principal, Murphy (Karl Glusman), um jovem cineasta fã de Kubrick, que sonha fazer filmes com "sangue, lágrimas e esperma" (o oposto do cinema de seu ídolo).

    Murphy se queixa da estranha divisão que impera no cinema das convenções: filmes de amor sem sexo (os romances) e filmes de sexo sem amor (os pornôs). Murphy quer fazer um filme de amor e sexo. Ele quer fazer "Love".

    Efe
    CAN010 CANNES (FRANCIA) 21/05/2015.- Fotograma sin fechar de la película "Love" facilitado por la organización del Festival de Cine de Cannes (Francia) hoy, jueves 21 de mayo de 2015. La cinta, dirigida por el francoargentino Gaspar Noe, se presenta dentro de la sección "Sesiones de Medianoche" de la 98ª edición del Festival de Cine de Cannes. EFE/Cannes Film Festival / Handout SÓLO USO EDITORIAL/PROHIBIDA SU VENTA ORG XMIT: CAN010
    Cena de 'Love', filme do diretor Gaspar Noé

    Noé organiza a trama como um grande flashback. Começa com Murphy deprimido, preso a um casamento indesejado com Omi (Klara Kristin). Um telefonema da mãe de sua ex-namorada, Electra (Aomi Muyok), que está desaparecida, detona lembranças.

    Sempre pelo prisma de Murphy, sabemos que ele viveu com Electra um relacionamento aberto a experimentações e que foi conduzido por ela a aventuras sexuais.

    Mas não é que a coisa degringola por conta de ciúmes de Electra? E que a mulher que parecia livre e cheia de vida torna-se uma depressiva por conta de uma traição?

    Noé é um causador que faz jus à fama. Sabe criar impacto, recorrer aos efeitos. Aqui, os truques se concentram no uso do 3D, justificado principalmente em função da cena em que a câmera filma, do alto, um gozo masculino, que jorra em direção à plateia.

    Mas Noé continua indulgente, excessivo. Protegido pela polêmica do sexo explícito, "Love", no fundo, revela-se bastante careta. Seus personagens passam boa parte do filme discutindo a relação. Ou seja: é antes de tudo um filme de DR. Exige paciência.

    LOVE
    DIREÇÃO Gaspar Noé
    ELENCO Aomi Muyock, Karl Glusman, Klara Kristin
    PRODUÇÃO França/Bélgica, 2015, 18 anos
    QUANDO estreia nesta quinta (10)

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