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    Nelson Baskerville se aventura pela comédia em 'Suburbano Coração'

    MARIA LUÍSA BARSANELLI
    DE SÃO PAULO

    11/09/2015 02h40

    Conhecido por sua linguagem mais alternativa e de temáticas duras, o diretor Nelson Baskerville se debruça sobre um gênero bem distante, o da comédia, em "Suburbano Coração", que estreia nesta sexta (11), no Teatro Cacilda Becker, em São Paulo.

    "Eu adoro a ideia de sair um pouco do estereótipo de diretor experimental", conta.

    Baskerville, 54, notabilizou-se por um visual "sujo", próximo do agressivo, que abarcava histórias dramáticas. Caso de Luis Antonio - Gabriela (2011) –em que falava do irmão transexual e pelo qual levou o Prêmio Shell de melhor diretor–, "As Estrelas Cadentes do Meu Céu São Feitas de Bombas do Inimigo" (2013), retrato de crianças em conflitos de guerra, e "17 x Nelson" (2011), colagem de peças de Nelson Rodrigues.

    Lenise Pinheiro/Folhapress
    Sao Paulo, SP, Brasil. Data 09-09-2015. Espetaculo Suburbano Coracão. Atrizes Luciana Azevedo (Esq) Aldine Muller (centro) e Luiza Jorge. Teatro Cacilda Becker. Foto Lenise Pinheiro/Folhapress
    As atrizes Luciana Azevedo (esq.), Aldine Muller e Luiza Jorge em "Suburbano Coração"

    "Essa linguagem foi surgindo ao longo da minha carreira, não que eu quisesse ficar conhecido como um diretor experimental."

    QUASE CONVENCIONAL

    Em "Suburbano Coração", Baskerville dialoga com a tradição. Ou quase.

    "Eu queria fazer um trabalho totalmente convencional, mais careta. Mas não consegui." Há um pouco do seu universo kitsch nos detalhes do cenário, que não é estático, mas formado de módulos que se movem para criar os diversos espaços da trama.

    A história do dramaturgo Naum Alves de Souza é centrada na sonhadora Lovemar (papel de Luiza Jorge, que também produz a montagem ao lado de Fábio Santana), uma moça de subúrbio em busca do amor perfeito.

    Mas, em sua saga, encontra percalços: um namorado que se revela gay, o pretendente que leva a mãe para casa, o religioso charlatão.

    E a história é embalada pelo espírito ingênuo de programas românticos de rádio, além da música de Chico Buarque que dá título à peça, aquela que diz: "Quando aumentar a fita/ As línguas vão falar/ Que a dona tem visita/ E nunca vai casar".

    "Naum trata de todos esses temas [do amor e de relacionamentos] com humor e sarcasmo e ainda consegue brincar com o religioso, com o homossexual dentro do armário", comenta o encenador.

    Escrito em 1989, o espetáculo teve sua primeira montagem protagonizada por Fernanda Montenegro e Otávio Augusto. "O texto tem essa pureza dos anos 1980", afirma Baskerville. "Era uma época bastante ingênua."

    Assim, o diretor decidiu não alterar as referências de época. "É muito bonito, no espetáculo, ver o rádio como personagem. Quase caí na desgraça de atualizar o texto. Mas o papel que as redes sociais cumprem hoje é o mesmo que o rádio tinha. O sentimento [daquela época] é muito compreensível hoje."

    SUBURBANO CORAÇÃO
    QUANDO sex. e sáb., às 21h, dom., às 19h; até 1º/11
    ONDE Teatro Cacilda Becker, r. Tito, 295, tel. (11) 3864 4513
    QUANTO R$ 20
    CLASSIFICAÇÃO 14 anos

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