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    Peça 'Ãrrã' mescla cenas diversas e explora o ínfimo do cotidiano

    MARIA LUÍSA BARSANELLI
    DE SÃO PAULO

    18/09/2015 02h25

    É talvez a expressão que as pessoas mais dizem sem se darem conta de que o fazem, comenta o dramaturgo e diretor Vinicius Calderoni ao explicar o nome de seu novo espetáculo. "Ãrrã", que acaba de estrear no Sesc Belenzinho, em São Paulo, olha para o ínfimo do nosso dia a dia.

    Trata-se de um jogo entre dois atores (Luciana Paes e Thiago Amaral, integrantes da Cia Hiato), que apresentam um pot-pourri de cenas.

    Mas o foco não são as situações. A trama versa sobre os sentimentos e pensamentos de personagens diversos, que vão de frequentadores de uma ópera a um homem solitário que, enquanto dirige, se confessa com o áudio feminino de seu GPS.

    "Minha vontade era a de fazer um texto que se passasse em lugares públicos, mas em que a gente pudesse escutar os pensamentos das pessoas", diz Calderoni. "Porque às vezes a gente está fisicamente em um lugar, mas o pensamento está em outro."

    É um espetáculo difícil de se descrever em uma sinopse, confessa o encenador. "Ele toca nas nossas fragilidades e nos pequenos gestos que nos tornam humanos."

    Além das mudanças de histórias, a peça mescla tons: vai do cômico ao melancólico em uma mesma cena. E as transições, afirma Calderoni, fazem referências a recursos cinematográficos, como o "zoom in" (aproximação) e "zoom out" (afastamento).

    "Há grandes saltos, vamos de uma situação pequena e pessoal a outra mais ampla, que envolve muitas pessoas."

    Para acompanhar as histórias, o cenário limpo é composto apenas de uma prancha móvel, que é deslocada pelos próprios atores em cena e faz as vezes de um automóvel ou de uma passarela.

    PLACAS TECTÔNICAS

    "Ãrrã" é a segunda parte de uma trilogia denominada Placas Tectônicas e iniciada no ano passado com "Não Nem Nada". O primeiro espetáculo tratava das dores e das facilidades do mundo contemporâneo e também era um jogo para um número par de atores (quatro, no caso).

    Calderoni pensa antes de tudo nos títulos das montagens e se apega em especial a suas sonoridades. "Talvez por meu trabalho como letrista", diz ele, que também é integrante da banda 5 a Seco.

    A terceira parte do projeto –"Chorume", ainda sem previsão de estreia– deverá ter seis intérpretes em cena. E sua temática parte de todo o tipo de literatura "imprópria", desinteressante, para o palco, como um manual para consertar geladeiras ou placas de trânsito.

    "Serão pessoas que procuram palavras para dar sentido a suas vidas", diz o dramaturgo.

    ÃRRÃ
    QUANDO qui. a sáb., às 21h30. dom., às 18h30; até 11/10
    ONDE Sesc Belenzinho, r. Padre Adelino, 1.000, tel. (11) 2076-9700
    QUANTO R$ 6 a R$ 20
    CLASSIFICAÇÃO 12 anos

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