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    Atrizes negras podem fazer história na cerimônia do Emmy

    MARIA CLARA MOREIRA
    DE SÃO PAULO

    20/09/2015 02h10

    Halle Berry atraiu os olhares do mundo quando se sagrou a primeira (e única) mulher negra a ganhar o Oscar de melhor atriz, em 2002.

    Neste domingo (20), algo parecido pode ser alcançado na TV, com Taraji P. Henson e Viola Davis disputando o prêmio de melhor atriz principal em série dramática no Emmy. Ao longo de seus 61 anos, a categoria só foi abocanhada por intérpretes brancas.

    Não que negras não tenham vencido a premiação mais célebre da TV americana: nas categorias de comédia e minissérie, dez atrizes já levaram o troféu, entre elas Isabel Sanford e S. Epatha Merkerson.

    No Emmy, porém, os prêmios dramáticos são a estrela da noite e, na categoria, apenas quatro coadjuvantes negras foram laureadas: Gail Fisher, Alfre Woodard, Madge Sinclair e Mary Alice.

    Competir entre si não é novidade para Taraji e Viola, que disputaram o Oscar de coadjuvante em 2009 por "O Curioso Caso de Benjamin Button" e "Dúvida", respectivamente. Ambas foram preteridas por Penélope Cruz, de "Vicky Cristina Barcelona".

    Agora, Viola é a estrela de "How to Get Away with Murder", série na qual vive uma importante professora de direito criminal; Taraji, por sua vez, rouba a cena como a matriarca de um império da indústria musical em "Empire".

    Coincidência ou não, os dois programas são produzidos por negros: Lee Daniels (diretor de "Preciosa: Uma História de Esperança") está à frente de "Empire" e Shonda Rhimes, criadora e roteirista de "Grey's Anatomy" e "Scandal", de "How to...".

    Catorze entre 18 analistas do portal especializado "Gold Derby" preveem a vitória de uma das atrizes no domingo. O número é um aumento considerável dos sete que apostaram em Kerry Washington para fazer história em 2013 com "Scandal". Antes de sua indicação, quase duas décadas se passaram sem mulheres negras disputando a categoria —a última fora Cicely Tyson em 1995 por "Sweet Justice".

    Viola larga na frente nas apostas, mas Taraji tem a seu favor o sucesso de "Empire", programa do ano para a Associação dos Críticos de TV.

    Segundo a agência de consultoria Nielsen, 61% da audiência da série é composta por negros, que "elegeram" a série como sua favorita. Em segundo lugar vem "Scandal", com 37%.

    Embora a representatividade da etnia na Fox (de "Empire") e na ABC ("How to Get Away with Murder" e "Scandal") superem a porcentagem da sociedade americana (apenas 13,2% da população dos EUA é negra, aponta o censo mais recente), as demais emissoras do país em geral sub-representam a minoria, com apenas 10% de personagens negros de acordo com um estudo da Universidade da Califórnia.

    A análise descobriu que a minorias étnica tem mais chance de protagonizar reality shows do que programas de ficção, mesmo assistindo 37% mais TV que os brancos nos EUA, segundo a Nielsen.

    Por trás das câmeras, a balança também é desequilibrada: entre os 34 diretores indicados ao Emmy deste ano, apenas sete são mulheres e somente uma delas é negra, Dee Rees, do telefilme "Bessie". Para a "Variety", ela criticou o panorama: "Talvez tenha havido alguns avanços, mas eu sinto que temos um longo caminho a percorrer".

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