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    Documentário sobre a vida, 'Unity' é toque de despertar para humanidade

    MARCELO GLEISER
    ESPECIAL PARA A FOLHA

    21/09/2015 02h06

    No dia 12 de agosto, o documentário "Unity" (unidade) estreou em mais de 1000 cinemas pelo mundo -no Brasil, ainda não há data de estreia.
    Dirigido e escrito por Shaun Monson -cujo filme anterior, "Earthlings", aborda o tratamento violento dado a animais, especialmente na indústria agropecuária-, "Unity" é um toque de despertar para a humanidade, um manifesto para um futuro no qual o homem finalmente compreende seu papel como protetor do mundo natural.

    O filme mostra a interdependência de todas as formas de vida, sua interligação. A comunidade global é estendida ao planeta por inteiro, da formiga à árvore à atmosfera.

    "Unity" é narrado por 100 celebridades, incluindo Joaquin Phoenix, Helen Mirren, Geoffrey Rush, Jennifer Aniston e Ben Kingsley. O coro de vozes famosas funciona como uma sinfonia, que busca por uma ressonância com o público. No pôster da produção, vemos uma equação: "Humano + Animal + Árvore = Unidade", e a frase "Não os mesmos, mas iguais".

    O que, então, nos impede de progredir nessa direção? Se, por um lado, somos capazes de enviar sondas até Plutão, moralmente continuamos nas cavernas.
    Minha resposta, que o filme aborda, é a tendência tribal do ser humano, que insiste que inclusão implica em exclusão: os que não pertencem ao meu grupo são necessariamente inferiores, seja esse grupo uma religião, um time de futebol, ou um partido político. A unidade da vida é algo que a ciência demonstrou há tempo, tanto das formas de vida aqui na Terra, que dividem um ancestral comum, como da matéria da qual somos feitos, que veio das estrelas. A desunião é criação dos humanos.

    Conversei com Shaun Monson sobre o filme, e resumo aqui algumas partes da conversa:

    Folha - Por que o título "Unity"?
    Shaun Monson - Escolhi uma palavra que inclui todos, como fiz com "Earthlings" [seres terrestres]. Com isso, tendo eliminar a tendência que seres humanos têm de separar e distinguir.

    Por que o uso das celebridades?
    A história é longa, mas de um narrador o número foi aumentando, até que resolvi que queria mesmo uma sinfonia de vozes, capaz de emocionar e impactar as pessoas.

    Você conversou com algum cientista na produção do filme?
    Apenas com a Ann Druyan [produtora da série "Cosmos"], viúva do Carl Sagan [astrônomo morto em 1996]. Sempre gostei muito do trabalho do Sagan, de como ele humaniza a ciência; e Ann foi muito inspiradora, oferecendo material para eu utilizar.

    Alguns críticos dizem que não adianta chamar os humanos de criminosos, que precisamos de soluções.
    Sem dúvida, e tem muita gente trabalhando em ONGs para melhor a qualidade de vida das pessoas e animais pelo mundo afora. Fiz o que sei, um filme, na esperança de iluminar alguns, conscientizando as pessoas da importância de mudar de atitude.

    Você está otimista com relação ao futuro?
    Com certeza! Mudanças estão ocorrendo e cada vez mais rapidamente. O arco histórico da humanidade é longo, mas se curva na direção da justiça. Talvez lentamente demais; mas está indo na direção certa.

    MARCELO GLEISER é professor titular de física, astronomia e filosofia natural no Dartmouth College, EUA. Seu livro mais recente é "A Ilha do Conhecimento".

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