Eram 22h35 quando o barulho de motocicleta soou no palco Mundo e quatro senhores tatuados e com visual de motoqueiros enfeitados entraram em cena, trazendo consigo o visual e o som do hard rock cabeludo dos anos 1980.

Começava o show do Mötley Crüe, uma das mais bem-sucedidas bandas de uma era que se imaginava enterrada. O som antiquado do quarteto americano serviu para distrair o público que esperava pelo Metallica, mas não chegou a empolgar —a plateia queria velharia dos anos 1980, mas mais acelerada.

Com duas backing vocals rebolativas e de trajes curtos, a banda abriu a apresentação com um de seus maiores hits, "Girls, Girls, Girls", que teve a primeira demonstração dos canhões de fogo que seriam fartamente acionados ao longo do show, iluminando e aquecendo com suas labaredas gigantes.

Rechonchudo, mas com a garganta ainda em forma, o vocalista Vince Neil fez o que pôde para tentar conquistar a plateia, quase sempre com efeito pífio. Os fundadores da banda, Nikki Sixx (baixo) e Tommy "aquele-do-vídeo-com-a-Pamela" Lee (bateria), foram mais discretos.

Com o repertório concentrado em seus discos de três décadas atrás, o Mötley Crüe conseguiu fazer o público participar em apenas algumas músicas, como "Same Ol' Situation (S.O.S.)" e uma versão de "Anarchy in the UK", do Sex Pistols.

"É muito bom estar aqui nesta noite. Há 35 anos queremos tocar aqui e finalmente conseguimos", disse Neil à audiência.

Setenta minutos e 14 canções depois, a banda encerrou sua apresentação pouco memorável, abrindo espaço para a atração esperada por todos.

REPERTÓRIO MÖTLEY CRÜE
"Girls, Girls, Girls"
"Wild Side"
"Primal Scream"
"Same Ol' Situation (S.O.S.)"
"Don't Go Away Mad (Just Go Away)"
"Smokin' in the Boys' Room"
"Looks that Kill"
"Anarchy in the UK"
"Shout at the Devil"
"Louder than Hell"
"Live Wire"
"Dr. Feelgood"
"Kickstart my Heart"
"Home Sweet Home"