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    Público enfrenta calor no Rock in Rio; sensação térmica fica acima de 40ºC

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    ENVIADA ESPECIAL AO RIO
    LUIZA FRANCO
    DO RIO

    24/09/2015 20h01

    "É 'Inferno in Rio', meu", reclamava o estudante de administração Filipe Cavalcanti, 22, que veio de São Paulo para assistir ao show do System of a Down no Rock in Rio, nesta quinta (24).

    Vestia calça de "couro vegano" preta e camisa da banda, sua preferida, cinza escuro. Nos pés, coturno. "No Brasil, pior que ser metaleiro, só ser Papai Noel de gorro de neve", lamentava.

    Enquanto o Rio passava pelo dia mais quente de 2015, com sensação térmica acima dos 40ºC, a Cidade do Rock testemunhou cenas de calor explícito.

    Houve quem literalmente esfriasse a cabeça, enfiando-a no chafariz logo na entrada. Já a desempregada Alana Matias, 33, vestiu a camisa da causa metaleira (a da sua banda predileta: AC/DC) para sair de casa, mas a tirou assim que saiu do ônibus BRT. Entrou no evento só de biquíni de crochê preto. "Não tô podendo", diz, espremendo gordurinhas da cintura com as mãos. "Mas, se alguém reclamar vou dizer, que tá alucinando de calor."

    DESIDRATAÇÃO

    O ator de Jundiaí (SP) Giacomo Biaggio, 26, transpirava na fantasia de Jack Sparrow, personagem de Johnny Depp em "Piratas do Caribe". Debaixo do chapéu, peruca de dreadlocks, cinto, calça, camisa, botas de couro e um casaco de inverno.

    "Não me importo com o calor. Se eu conseguir chegar perto dele, realizo um sonho de infância, desde os dias em que via 'Edward, Mãos de Tesoura' na 'Sessão da Tarde'", disse. O ator se apresentaria com a banda Hollywood Vampires, no palco Mundo, à noite.

    Nem todo mundo surfou na onda de calor. Até as 18h, 234 pessoas haviam procurado assistência nos postos médicos do festival, a maior parte delas por desidratação, segundo a organização.

    A carioca Mariana Viana, 18, passou mal após ficar sob o sol por quase quatro horas. Ela e o namorado, Otávio Freitas, 19, chegaram às 14h30 para o show do Queens of the Stone Age, previsto para 22h30.

    "Nos sentamos no chão em frente ao palco, mas o concreto estava tão quente que queimava a pele. Decidimos ficar em pé. Lá pelas quatro, começou a ficar muito cheio, abafado e apertado lá na frente. Comecei a sentir uma dor de cabeça muito forte e, de repente, minha pressão baixou, ficou tudo preto", diz a menina, que conseguiu caminhar até o posto médico mais próximo.

    A equipe do evento chegou a distribuir copos d'água para quem estava perto da grade, mas, para Mariana, eles foram insuficientes. Ela também diz que gostaria que os organizadores usassem uma mangueira para refrescar o público que chega cedo e fica horas debaixo do sol. A organização, no entanto, afirma que "acionou os bombeiros para que pudessem jogar água em quem estava no local". Os portões da Cidade do Rock foram abertos 13h40, 20 minutos mais cedo, "garantindo conforto aos visitantes", diz nota do evento.

    Cadeirantes reclamaram que a área reservada a eles ficava sob o sol a pino, sobretudo a do palco Sunset.

    Segundo a organização, "os locais escolhidos são aqueles que possibilitam melhor acessibilidade".

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