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    'Vamos ao que Interessa' reúne cem crônicas de João Pereira Coutinho

    ROGÉRIO ORTEGA
    DE SÃO PAULO

    26/09/2015 02h40

    Vivemos uma nova era da brutalidade, que já não se impõe por meio das armas, mas se apresenta como uma distopia retórica à moda do escritor britânico George Orwell (1903-1950). Apesar disso, é possível abordá-la com a leveza que uma crônica requer.

    Em "Vamos ao que Interessa", subtitulado "Cem Crônicas da Era da Brutalidade", o colunista da Folha João Pereira Coutinho, 39, mantém esse difícil equilíbrio entre sombra e luz –lançado pelo selo Três Estrelas, do Grupo Folha, o livro reúne cem textos publicados por Coutinho no jornal de 2008 a este ano.

    "Sou um mártir do senso comum, para usar a expressão do [filósofo romeno] Cioran. Limito-me a apontar o dedo para o aberrante e deixar que o aberrante fale por si", diz, por e-mail, o escritor e cientista político português.

    Leticia Moreira/Folhapress
    SAO PAULO, SP, BRASIL, 04-08-2014, 19h00: O cronista Joao Pereira Coutinho durante o lancamento do livro “As ideias conservadoras explicadas a revolucionarios e reacionariosâ€, de Joao Pereira Coutinho na livraria da Vila no Shopping Higienopolis. (Foto: Leticia Moreira/ Folhapress, MONICA BERGAMO)
    O cronista João Pereira Coutinho, que lança o livro "Vamos ao que Interessa"

    Para Coutinho, a brutalidade dos "tempos modernos", nome de um dos capítulos do livro, é visível "na obsessão politicamente correta em não ofender grupos, minorias, bichos do campo, espíritos errantes, eu sei lá".

    Essa brutalidade, prossegue o colunista, é praticada por poderes não oficiais, incluindo universidade e mídia, que tentam impor aos demais um código de comportamento uniforme. "Ela é mais difícil de detectar, porque se apresenta sob várias capas: multiculturalismo, relativismo, políticas afirmativas etc."

    "Mas o fim é o mesmo: a destruição da liberdade individual e até da dignidade humana", assevera o escritor, para quem a coisa mais sábia a dizer ao poder "não está num manual de filosofia, mas na porta de um quarto de hotel: favor não incomodar".

    A organização da coletânea, diz Coutinho, buscou conduzir o leitor dos temas difíceis aos mais leves, numa espécie de "movimento ascendente das trevas à luz".

    "Cogitei chamá-la de 'A Divina Comédia' e dividir tudo em Inferno, Purgatório e Paraíso, mas pensei que a ideia talvez não fosse original", brinca o autor, que dedica a obra ao filho, "para que ele saiba que nem tudo está perdido".

    "Espero estar em São Paulo na segunda metade de outubro para reencontrar leitores e desfigurar o livro com a minha assinatura", acrescenta o colunista –o lançamento será no dia 20 do próximo mês, em lugar ainda a definir.

    VAMOS AO QUE INTERESSA
    AUTOR João Pereira Coutinho
    EDITORA Três Estrelas
    QUANTO R$ 34,90 (264 págs.)

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