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    Em show com Erasmo Carlos, Ultraje a Rigor protesta contra Dilma Rousseff

    ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
    ENVIADA ESPECIAL AO RIO

    26/09/2015 19h29

    Começar o show com "Minha Fama de Mau" foi uma escolha acertada para Erasmo Carlos e Ultraje a Rigor, que fizeram dobradinha no Sunset, o palco secundário do Rock in Rio.

    O hit um tanto ingênuo da jovem guarda, sobre o camarada que não pede perdão à namorada porque precisa manter a pose de "bad boy", adquiriu dois significados nesta tarde de sábado (26).

    Primeiro, pelo ativismo político de Roger Moreira. Ao lado de Lobão, ele é uma das vozes mais enfáticas contra a esquerda brasileira.

    Entrou com uma camisa preta onde se lia, em letras brancas: "A gente não sabemos escolher presidente. Inútil!!!".

    Zanone Fraissat/Folhapress
    RIO DE JANEIRO/RJ BRASIL. 26/09/2015 - Show da banda Ultraje a Rigor e Erasmo carlos no sexto dia do festival Rock in Rio.(foto: Zanone Fraissat/FOLHAPRESS, ILUSTRADA)***EXCLUSIVO***
    RIO DE JANEIRO/RJ BRASIL. 26/09/2015 - Show da banda Ultraje a Rigor e Erasmo carlos no sexto dia do festival Rock in Rio.(foto: Zanone Fraissat/FOLHAPRESS, ILUSTRADA)*EXCLUSIVO*

    A referência é "Inútil", hit do Ultraje com o irônico erro gramatical direcionado a uma geração oitentista que reaprenderia a votar para o mais alto cargo do Executivo, após duas décadas de ditadura.

    O alvo, agora, é a petista Dilma Rousseff. Em provável alusão à elevação de impostos que o governo tenta promover, Roger começou a apresentação declarando que "os cara 'caga', e a gente paga".

    Emendou, antes de tocar "Filho da Puta" (dos versos "morar neste país/ É como ter a mãe na zona"): "Essa é pro pessoal que está fazendo a gente pagar a conta".

    E tem a "fama de mau" de Erasmo Carlos –ovacionado 30 anos após levar uma salva de vaias no primeiro Rock in Rio, quando tocou no mesmo dia de Ozzy Osbourne e AC/DC.

    Se na época os metaleiros não o perdoaram, desta vez Tremendão saiu por cima da carne seca.

    Soou até rebelde ao entoar "Quero que Vá Tudo para o Inferno", canção que seu antigo parceiro musical Roberto Carlos não se permite mais cantar.

    Em vez de soar como uma viagem arqueológica anos anos 1960 e 1980, respectivos auges de Tremendão e Ultraje, o show empolgou diferentes gerações na plateia.

    Sem envelhecer, os refrões de Roger ainda parecem brotar como espinha no rosto de adolescente. O público completou com gosto os palavrões de letras como "Nada a Declarar" ("Só pra garantir este refrão/ Eu vou enfiar um palavrão: c...").

    Erasmo, com colete de couro sobre uma blusa básica azul-marinho, só empunhou a guitarra branca uma vez, na menos conhecida "Jogo Sujo". De resto, foi um festival de hits, de "Eu Sou Terrível" a "É Proibido Fumar" ("... maconha!", complementava o público).

    Ultraje cantou quatro músicas sozinho, e Erasmo, cinco. Juntos, tocaram clássicos como "Festa de Arromba" (de Tremendão) e "Nós Vamos Invadir sua Praia" (de Roger).

    Rebelde mesmo, no final, foi o som defeituoso, que fez Roger reclamar a certa altura: "Não estou escutando a guitarra deles ali". Para quem iniciou o show falando "30 anos depois, vamos ver se a gente aprendeu alguma coisa", Roger penou para passar sua cartilha da irreverência à plateia.

    Editoria de Fotografia/Folhapress
    Especial Timelapse Rock in Rio 2015
    Especial Timelapse Rock in Rio 2015
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