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    'O setor privado se eximiu', diz John Neschling sobre crise no Municipal

    DE SÃO PAULO

    28/09/2015 12h06

    A crise financeira que obrigou o Theatro Municipal de São Paulo a reduzir sua programação dos próximos meses não é, para o maestro John Neschling, diretor artístico do espaço, diferente do que se passa numa empresa que se depara com a desaceleração econômica do país.

    Em um desabafo publicado no Facebook sobre a situação, ele reconheceu que o teatro enfrenta problemas em "uma conjuntura difícil e negativa" e reclamou da falta de compromisso do setor privado, que poderia complementar o apoio financeiro da prefeitura ao lugar.

    "O setor privado, que é quem mais usufrui da excelência dos nossos produtos (sim, produtos —somos uma fábrica, como qualquer outra), nesse momento se eximiu quase completamente de suas responsabilidades frente ao Theatro Municipal (com raras e notáveis exceções)", escreveu.

    Adriano Vizoni/Folhapress
    Maestro John Neschling, diretor artístico do Theatro Municipal
    Maestro John Neschling, diretor artístico do Theatro Municipal

    "Por todas as razões do mundo, que nos vêm sendo explicadas em mil e uma reuniões, nem o setor privado, nem as grandes estatais estão dispostas a ajudar a fazer com que o teatro assuma suas produções até o final da temporada."

    Na última sexta (25), o secretário municipal de Cultura, Nabil Bonduki, anunciou mudanças na programação de novembro e dezembro. Foi adiada uma apresentação do grupo Fura dels Baus e canceladas as sessões da ópera "Così fan Tutte", de Mozart. Alterações na grade do ano que vem também estão sendo analisadas.

    Os cortes se devem à falta de verba da instituição, cujo orçamento é composto de um repasse da prefeitura (R$ 99 milhões neste ano) e um montante captado via leis de incentivo —dos R$ 16 milhões autorizados, foram arrecadados pouco menos de R$ 2 milhões, diz o secretário.

    No texto, Neschling informa que o teatro vai "por em compasso de espera" também o segundo semestre do ano que vem, "para por as contas em ordem e não dar o passo maior que a perna".

    "Ante a realidade econômica e burocrática do Theatro, não temos meios de produzir tudo aquilo que desejaríamos com a qualidade que exigimos."

    Ele pede que não sejam feitas "orações fúnebres" pelo Theatro Municipal e diz que o diretório do espaço está tomando as medidas necessárias para superar a crise e retomar a programação regular.

    "O Theatro Municipal é uma realidade do panorama lírico, sinfônico e de dança no Brasil e no exterior. Assim continuaremos sendo."

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